Fóssil mais antigo de coruja com hábitos diurnos é encontrado na China

26 de fevereiro de 2024.

Por: Guilherme Mattos

As corujas têm uma presença marcante na história da humanidade, sendo associadas a diversas culturas ao longo do tempo. Na mitologia grega, por exemplo, eram consideradas símbolos de sabedoria, enquanto em algumas crenças do Oriente Médio eram associadas à morte. O misticismo relacionado às corujas, frequentemente, foi atribuído a seu hábito de vida noturno, que é comum na maioria das espécies conhecidas atualmente. No entanto, novas evidências têm surgido recentemente, revelando padrões de atividade diurna na história evolutiva desses animais.

Na bacia sedimentar de Linxia, na China, foi encontrado o fóssil conservado de um espécime da linhagem das corujas, que viveu há mais de 6 milhões de anos, no Mioceno, apresentando diversas características que apontam para um hábito diurno do animal. A espécie, denominada Miosurnia diurna, foi submetida a análises de sua anatomia e morfologia, principalmente de seu aparelho ocular, sendo realizada a reconstrução e a comparação desta estrutura com as de aves e de outros répteis.

Dessa forma, após observação dos dados encontrados, foi visto que a M. diurna apresentava muitas semelhanças com corujas do grupo Surniini, o qual contempla as espécies de corujas diurnas atuais. Essa descoberta ajudou a refutar a hipótese de que hábitos não noturnos em corujas foram adquiridos recentemente, sustentando a existência de um ancestral diurno antigo no grupo.

Os pesquisadores apontaram que o ambiente e o período em que este animal era encontrado possivelmente explicariam o desenvolvimento de atividades voltadas para períodos de luz solar, neste grupo. De acordo com os cientistas, o resfriamento e a expansão das estepes (áreas de vegetação rasteira ampla) observados no final do Mioceno podem ter impactado os hábitos alimentares das corujas naquela época. A mudança nas temperaturas teria levado as presas das corujas a serem mais ativas durante os períodos de insolação, favorecendo estratégias diurnas neste grupo de aves.

Nesse contexto, fica evidente a importância da paleontologia para elucidar e aprimorar a compreensão da história evolutiva dos seres vivos, sendo o caso apresentado apenas um dos muitos já estudados.

Texto fonte: Zhiheng, L.; Thomas, A. S; Xiaoting, Z; Wang, Y; Tao, Z; Tao, D; Zhonghe, Z. (2022). Early evolution of diurnal habits in owls (Aves, Strigiformes) documented by a new and exquisitely preserved Miocene owl fossil from China, PNAS, v. 119, no. 15. Doi: 10.1073/pnas.2119217119. Disponível em <https://doi.org/10.1073/pnas.2119217119&gt;, acessado em: 24/02/2024.

Fonte e legenda da imagem de capa: Fotografia de fossíl de Miosurnia diurna encontrado na Bacia de Linxia – China, adaptada do artigo fonte. Disponível em <https://www.pnas.org/doi/epdf/10.1073/pnas.2119217119&gt;, acessado em 24/02/2024.


Texto revisado por: Milena R. Fonseca, Vicente Pereira de Sousa Neto e Alexandre Liparini Campos.

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