Escrito em: 28 de março de 2024
Por Carla Fernanda Silva Garcia
A paleoarte teve seu início simultâneo ao surgimento da ciência conhecida como paleontologia, que é responsável por estudar as formas de vida existentes em períodos geológicos passados, com base em seus fósseis. Ambas surgiram por volta de dois séculos atrás mas a origem do termo paleoarte deriva de paleoartista, nome designado a um grupo de desenhistas da época, que eram responsáveis por recriar os cenários e a biodiversidade dos ambientes pré-históricos, se baseando nas descrições e conceitos determinados por paleontólogos. Vale ressaltar que a paleoarte não é uma ciência assim como a paleontologia, mas sim, arte baseada em dados científicos.
Com o passar dos anos e os inúmeros avanços tecnológicos, diversos programas de modelagem 3D e outros foram desenvolvidos, o que serviu de base para as representações mais realistas e aprofundadas destes ambientes pré-históricos. A tecnologia também foi e é de grande ajuda na divulgação científica. Os conhecimentos adquiridos através dos anos pela paleontologia, durante muito tempo só eram acessíveis e discutidos entre a comunidade acadêmica, fazendo com que a população de forma geral tivesse uma imagem distorcida de como seriam estes animais em vida, sendo vistos como grandes e lentos lagartos.
Neste momento, a mídia foi essencial pois com o lançamento de Jurassic Park, que usou computação gráfica para dar vida aos dinossauros, o interesse pelos estudos da paleontologia por parte da população aumentaram, além de trazer a perspectiva de futuramente existir representações com a mínima margem de erro possível. Por mais que haja equívocos na obra, é indispensável citá-la como marco que despertou o interesse do meio não científico sobre os estudos da paleontologia.
Com base nessa introdução dada nos parágrafos anteriores, será apresentado a seguir o passo a passo da construção de uma paleoarte. A classe de animais analisada é a Pterosauria, que abriga os primeiros vertebrados e maiores organismos a alçarem voo. Se espalharam pelo globo na era mesozoica e através de adaptações conseguiram viver também em ambiente terrestre. O animal a ser analisado é o Gnathossauro macrurus, que pertence a um grupo de pterossauros com características semelhantes às das aves das zonas húmidas costeiras, como estuários e lagoas.
Os integrantes deste grupo tem a parte posterior do crânio alongada e uma crista craniana, que neste caso, é possível que fosse de tecido mole. Depois da compilação destes e outros dados científicos sobre anatomia, foi feito o primeiro esboço desta espécie exótica corretamente em pé e em uma posição anatomicamente coerente.
Mais detalhes foram adicionados posteriormente na versão final da paleoarte, como texturas da pele, estruturas parecidas com fibrilas que se estendiam do crânio às costas. Entretanto estudos recentes apontam que esta espécie poderia ter estruturas parecidas com penugens. A atenção foi dada também aos dentes desta espécie, que eram proeminentes e usados para a caça de pequenas espécies sob a água.Assim como na arte, na paleoarte não há regras sobre quais ferramentas utilizar, cada artista tem suas perspectivas dos materiais e como aplicá-los a cada representação. Na paleoarte do Gnathossauro macrurus, foram usados programas de modelagem 2D e 3D, juntamente com o Photoshop para os detalhes finais. O artista responsável por essa representação é o Português Vítor Feijó de Carvalho, que apresentou esta paleoarte em seu Trabalho de Conclusão de seu Mestrado em Desenho.
Texto fonte: Carvalho, Vitor F. (2019). A aplicação da paleoarte na representação da classe reptilia. Universidade de Lisboa. Disponível em: Repositório da Universidade de Lisboa: A aplicação da paleoarte e do desenho científico na representação da classe reptilia (ul.pt)
Disponível em:
Legenda da imagem: Arte final da representação do réptil Gnathosaurus macrurus
Texto revisado por: Cíntia Silva, Alexandre Liparini.