Geologia e Paleontologia da Formação Marília 

Escrito em: 17 de junho de 2025

Por: Luís Filipe Cardoso Queiroz

A Formação Marília é uma formação geológica que ocorre, entre outras localidades, no Sítio Paleontológico de Peirópolis, localizado 20 km a leste da cidade de Uberaba, no Estado de Minas Gerais (MG). Ela pertence ao Grupo Bauru (do Cretáceo Superior, entre 100,5 a 66 milhões de anos atrás) e apresenta os membros Echaporã, Serra da Galga e Ponte Alta (na Geologia, separam-se as camadas por grupos, formações e membros de acordo com as rochas ali encontradas, sendo que grupos contém formações, que por sua vez, contém membros, que são a menor unidade de caracterização geológica de uma área). 

Essa formação é composta por rochas calcárias e areníticas, contendo sequências de camadas(estratros) em angulações diferentes. A região contava com um paleoclima semi-árido, o que favoreceu a fossilização nesta área (pois em ambientes mais secos, ou seja, carentes de umidade, a degradação de restos orgânicos ocorre de forma limitada) e era um ambiente associado a rios e lagoas , que experimentava intermitentes inundações e ocasionais secas. 

Encontram-se fósseis de vertebrados e invertebrados nessa formação, além de muitas marcas e alterações em rochas e em solos formadas por seres vivos e, embora muitos desses fósseis estejam fragmentados, o que dificulta a sua classificação, foram reconhecidos peixes, tartarugas, crocodilianos e dinossauros (saurópodes e terópodes) de idade Neomaastrichtiana (cerca de 66 milhões de anos atrás).

Os restos de vertebrados são coletados em sedimentos da Formação Marília no Triângulo Mineiro e no oeste do estado de São Paulo desde o início do século passado. Os sedimentos dessa formação afloram de forma desigual no Triângulo Mineiro e no oeste paulista, com isso existe uma diferença no tempo de conhecimento dos vertebrados das duas áreas, sendo que os vertebrados fósseis da região do Triângulo Mineiro são conhecidos desde 1920 enquanto que os fósseis da região paulista passaram não somente a ser divulgados, mas melhor classificados a partir do trabalho pioneiro do paleontólogo Llewellyn Ivor Price a partir de 1947.

Mesmo com tantos trabalhos realizados apenas parte do material coletado nessa formação foram descritas a nível de espécie, devido à natureza fragmentária dos espécimes, algo que impossibilita uma descrição mais pormenorizada. Por conseguinte, isso faz parte do trabalho do paleontólogo, que realiza diversos trabalhos conectando peças para solucionar os casos, dessa forma compreende-se a importância do trabalho desse profissional e o valor que cada fóssil possui para a história daquela região.

Texto fonte:  CANDEIRO, Carlos Roberto dos Anjos. GEOLOGIA E PALEONTOLOGIA DE VERTEBRADOS DA FORMAÇÃO MARÍLIA (NEOMAASTRICHTIANO) NO SÍTIO PALEONTOLÓGICO DE PEIRÓPOLIS. Caminhos de Geografia, Uberlândia, v. 6, n. 16, p. 117–124, 2005.

Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/view/15453

Fonte e legenda da imagem de capa: Reconstrução paleoambiental da Formação Marília

Disponível em: https://revistaig.emnuvens.com.br/derbyana/article/view/776/745


Texto revisado por: Luís Filipe Cardoso Queiroz, Sandro Ferreira de Oliveira e Alexandre Liparini.

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