A geologia e paleontologia do Membro Taquaral no afloramento do Rio da Cabeça

24 de agosto de 2021

Por: Sofia Lara Afonso

A pesquisa realizada por Artur Chahud em 2020, publicada no volume 30 do periódico Estudos Geológicos, promovido pela Universidade Federal de Pernambuco, teve o objetivo de caracterizar de maneira tafonômica e paleontológica a base arenosa do Membro Taquaral, no afloramento do Rio da Cabeça. Esse afloramento é localizado na divisa entre os municípios de Rio Claro (SP) e Ipeúna (SP), tendo 4 metros de comprimento e pelo menos 2 metros de altura, situando-se na margem sul de um córrego afluente do Rio da Cabeça, em que se observam três camadas de estruturas e rochas diferenciadas.

Os pesquisadores coletaram escamas, dentes completos com poucas quebras e partes ósseas de peixes, além de aproximadamente vinte amostras de mão para o estudo de assinaturas tafonômicas. Foram encontrados no afloramento duas ordens de Chondrichthyes: Xenacanthiformes e Petalodontiformes, e uma de Actinopterygii: Palaeonisciformes (parafilético). Os Chondrichthyes são muito raros e pode-se concluir que o afloramento é composto principalmente de dentes e escamas de Palaeonisciformes.

Por mais que seja rara a presença de fósseis de Chondrichthyes, sua diversidade é grande de acordo com o número de espécies e grupos observados nos afloramentos da região e, aparentemente, pode ser maior que a de Palaeonisciformes. Isso acontece por que apesar da abundância de Palaeonisciformes, a identificação de espécies somente é possível em exemplares completos ou semi-completos, dada a baixa variação morfológica externa entre os diversos gêneros.

Os fósseis da base da Formação Irati sofreram desgaste superficial e quebras, o que dificulta a diferenciação, especialmente, entre dentes sigmoides e curvos e também a constatação de microtubérculos no fuste devido ao polimento causado pela abrasão, limitando a comparação.

Por fim, o estudo mostrou que provavelmente esse é um ambiente diferenciado de outras localidades próximas, uma vez que não foi visto, até o momento, a presença de Taquaralodus, fóssil mais abundante de Xenacanthiformes, encontrado em outros sítios fossilíferos da região.

Artigo fonte: CHAHUD, Artur. Geologia e Paleontologia do Membro Taquaral (Eopermiano) no afloramento do Rio da Cabeça, estado de São Paulo. Estudos Geológicos, [s. l.], v. 30, n. 1, p. 19-30, 2020. DOI: 10.18190/1980-8208/ <Clique aqui para acessar o artigo fonte>

Fonte e legenda da imagem de capa: Dentes de paleoniscideos em diferentes posições. Imagem extraída do artigo fonte. Escala igual a 1 mm.

Publicado por Alexandre Liparini

Mineiro, gaúcho, sergipano, e por que não, alemão? No caminho sempre a paleontologia como paixão e agora como profissão. Adora dar aulas e pesquisar sobre origens e evolução. Se esse for o tema, podem perguntar, por que não?

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

%d blogueiros gostam disto: