23 de junho de 2022
Por: Leonardo Marujo
Apesar das dificuldades da realização de pesquisas paleontológicas na região amazônica, fósseis têm sido encontrados em depósitos do período Quaternário ao longo de bancos e leitos de importantes rios da bacia amazônica. Estes fósseis foram encontrados em alguns países como Peru, Equador, Bolívia e Brasil.
Na região amazônica brasileira, consideráveis achados fósseis foram realizados nos rios Juruá e Madeira, que abrangem os estados do Acre, Amazonas e Rondônia. Entretanto, no Mato Grosso, são conhecidos poucos registros da megafauna do Quaternário, sendo estes provenientes do sítio arqueológico de Santa Elina e da caverna do Curupira. Em 2021, pesquisadores contribuíram para a mudança desse cenário e descreveram novos achados inéditos provenientes do rio Teles Pires e seus tributários. Estes fósseis foram recuperados de áreas de mineração de ouro, portanto, pela atividade das máquinas eles estavam bastante fragmentados. Apesar disso, foi possível determinar a que grupo de organismos eles pertenciam.
Foram encontrados fósseis de dentes, assim como fragmentos do osso dentário, ulna, úmero e fêmur, pertencentes a indivíduos de Notiomastodon platensis, um proboscídeo extinto parente dos elefantes atuais. Também foram encontrados fósseis de Eremotherium, um gênero de preguiças terrestres gigantes extintas e Toxodon platensis, membro de uma ordem extinta, os notoungulados.
Estudos de paleoecologia apontam que esses animais de grande porte possivelmente andavam em grupos e podiam ocupar uma variedade de biomas e consumir recursos alimentares variados. Animais da megafauna possuíam um importante papel no ecossistema, dispersando sementes, participando na disponibilidade de nutrientes e em ciclos bioquímicos. O Notiomastodon platensis, além de ser o único proboscídeo conhecido para o Brasil, também era um dos maiores animais terrestres da américa do sul, juntamente com a preguiça gigante Eremotherium laurillardi.
A presença de proboscídeos e de toxodontes ainda não era conhecida na literatura científica para a região. Assim, estes achados expandiram o conhecimento paleontológico da região amazônica, mostrando que ainda há muito a ser descoberto sobre o passado da região. Além de encontrar novos fósseis, é necessário que os já conhecidos sejam devidamente mantidos em instituições de pesquisa brasileiras para serem melhor estudados, para compor um importante acervo paleontológico do que hoje é o Brasil.
Artigo fonte: Lidiane Asevedo, Thaís Rabito Pansani, Victor Menezes Cordeiro, Silane Aparecida Ferreira Silva-Caminha, Jesus da S. Paixão, Mário Alberto Cozzuol, Mário André Trindade Dantas. (2021). Diversity of Pleistocene megamammals from southern Amazon, Mato Grosso state, Brazil. Journal of South American Earth Sciences, Volume 112, Part 1, 103552, ISSN 0895-9811. Doi: 10.1016/j.jsames.2021.103552. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.jsames.2021.103552. Acessado em: 21/11/2022
Fonte e legenda da imagem de capa: Reconstrução do esqueleto de Notiomastodon platensis. Autoria de Asier Larramendi. Extraída e modificada de commons.wikimedia.org. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Stegomastodon_and_Notiomastodon_skeletals.png. Acessada em: 21/11/2022.