19 de janeiro de 2021
Por: Júlia Quintaneiro
*Texto publicado também no espaço biótico <confira aqui>
Cientistas do Departamento de Geologia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), propõem kit para aulas práticas com réplicas de fósseis brasileiros e uma cartilha com objetivo de auxiliar os alunos do Ensino Fundamental a entenderem como os fósseis são ferramentas fundamentais para se desvendar a história evolutiva da Terra.
O que é Paleontologia?

Segundo o Livro Paleontologia em Sala de Aula, a Paleontologia é a ciência que estuda os fósseis, ou seja, o vasto documentário de vida pré-histórica. Tal definição nos leva a refletir sobre a relevância do tema para sala de aula. Assunto que Lílian Paglarelli e Stella Barbara abordam no artigo feito por elas.
A importância do ensino de Paleontologia nas escolas
Além de apresentar o kit paleontológico, que possui uma boa forma de divulgar sobre o uso de fósseis, as autoras se debruçam a discutir a importância do ensino de Paleontologia nas escolas. Afinal, o tema aparece no 6º e 7º ano no Ensino Fundamental.
É ainda mais importante, pois a Paleontologia é interdisciplinar (relações entre duas ou mais disciplinas ou ramos de conhecimento), envolvendo Ciência, Geografia e até mesmo História.
Por que é importante o estudo de paleontologia? As autoras citam, por exemplo:
- Papel na alteração da consciência do aluno: por abordar o desaparecimento das espécies, a preservação do meio ambiente pode ser abordada.
- Entendimento da biodiversidade
- Interpretação de tempo geológico
- Evolução das espécies
- Características climáticas
- Novas leituras do ambiente, integrando a temporalidade, a ciclicidade e a duração dos processos terrestres.
Porém, apesar de extremamente relevante, a Paleontologia encontra algumas dificuldades dentro da escola. Tópico também abordado pelas autoras.
Algumas dificuldades encontradas no ensino de Paleontologia
Alguns dos problemas enfrentados no ensino de Paleontologia envolvem a falta de material para as práticas, de modo que, muitas vezes, o aluno só pode visualizar ou demonstrar os materiais através de fotos.
Outro fator citado pelas autoras envolve o currículo escolar não considerar a experiência dos alunos.
Por conta dessas problemáticas, as autoras citam visitas a museus como alternativa para que os alunos possam interagir com alguns materiais. Em um contexto da pandemia, alternativas como museus online oferecem uma opção viável.
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Um exemplo de museu que aborda a Paleontologia é o National Museum of Natural History que oferece visita virtual.

Então, como forma de propor a participação dos estudantes em investigações reais, este artigo propõe o kit paleontológico.
Kit paleontológico: um material didático com abordagem investigativa
O Kit, segundo as autoras, tem como objetivo:
“Compreender a função dos fósseis para a interpretação dos ambientes pretéritos e para a datação das camadas sedimentares.”
O que tem no kit?
1) Réplicas de fósseis brasileiros para que os estudantes pudessem chegar às suas próprias conclusões através de análise e solução de problemas.
Locais onde os materiais foram retirados:
Bacia de Itaboraí (Rio de Janeiro):
- Idade paleocênica
- Representante das ordens de mamíferos Condylarthra, Notoungulata, Xenungulata e Marsupialia
Rochas da Formação Pirabas (Maranhão, Piauí e Pará):
- Idade miocênica
- Rico em invertebrados marinhos como fósseis de bivalves, gastrópodes, corais e equinóides.
Assim, os materiais servem de forma complementar de forma que os fósseis são fundamentais na determinação da idade de rochas sedimentares.
2) Cartilha para orientar as atividades práticas
Nela contém informações como:
- Idade das unidades geológicas relacionadas com a atividade
- Imagens dos fósseis ou formas afins
- Representantes recentes do grupo
- Distribuição cronológica destes
- Informações taxonômicas e ecológicas
Assim, os alunos são desafiados a descobrir como era o ambiente na época em que aqueles animais.
As autoras colocam um grande objetivo dos alunos de popularizar o conhecimento paleontológico, tendo o estudante como disseminador do conhecimento adquirido na escola.
Pensar, visualizar, discutir, comparar os achados com suas hipóteses são algumas das atividades exercidas pelos alunos. Além disso, a realização da atividade pelos estudantes é um dos momentos de investigação envolvendo um conceito científico.
E como foi medido a eficiência do kit? A partir do acompanhamento, da mediação e na conclusão dos desafios propostos.
Gostou da ideia?
Nosso aprendizado sobre o tema não para por aqui!
Para saber mais:
Que tal entender mais sobre Paleontologia e Ensino? Confira o livro Paleontologia em Sala de Aula.
O artigo abordado no texto é sobre uma abordagem no ensino formal, que tal conferir um sobre o Ensino não formal de Paleontologia no Ensino Fundamental? Clique aqui.
Notícia quentinha! Confira: MHNJB planeja criar plataforma na web com informações sobre acervos atingidos por incêndio.
Palavras-chave: Ensino de Paleontologia. Ensino Fundamental. Material didático-instrucional. Paleontologia. Divulgação científica.
Referências bibliográficas:
BERGQVIST, Lílian Paglarelli; PRESTES, Stella Barbara Serodio. Kit paleontológico: um material didático com abordagem investigativa. Ciênc. educ. (Bauru), Bauru , v. 20, n. 2, p. 345-357, 2014 . Disponível em <a href=”http://<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-73132014000200345&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 17 Jan. 2021. https://doi.org/10.1590/1516-73132014000200006.
National Museum of Natural History. Disponível em: <https://naturalhistory.si.edu/visit/virtual-tour> Acesso em 18 Jan. 2021.
SOARES, M.B.(Org.). A paleontologia na sala de aula. Ribeirão Preto:Sociedade Brasileira de Paleontologia, 2015, 714p.