Escrito em: abril de 2024
Por: Wesley L. S. Ferreira
Os Arcellinida são organismos microscópicos fascinantes que habitam ambientes de água doce, como lagos, rios e solos úmidos. No entanto, a história evolutiva desses seres levanta questões intrigantes para os cientistas. Neste texto, buscaremos explorar algumas das questões por trás da transição dos ancestrais dos Arcellinida do ambiente marinho para o ambiente de água doce, mergulhando nas descobertas e desafios enfrentados pelos pesquisadores.
Um dos principais enigmas enfrentados pelos cientistas é compreender como os protistas mais antigos relacionados aos Arcellinida, representados pelos microfósseis em forma de vaso do Neoproterozoico (VSMs), estão relacionados com os Arcellinida modernos, e quando exatamente ocorreu a transição do ambiente marinho para o ambiente de água doce. Duas hipóteses fundamentais emergem dessa questão: os VSMs seriam ancestrais diretos dos Arcellinida modernos, ou ambos evoluíram separadamente de ancestrais diferentes?
A interpretação dos dados filogenéticos e do registro fóssil apresenta desafios significativos para os cientistas. A reconstrução das relações filogenéticas entre os VSMs e os Arcellinida modernos é complexa devido à falta de informações morfológicas detalhadas nos fósseis. Além disso, a interpretação das condições tafonômicas (os processos que afetaram – positivamente ou não – a preservação dos organismos ao longo do tempo) das rochas onde os VSMs foram encontrados ainda não é bem compreendida, sendo necessária para determinar o ambiente em que esses organismos viveram.
Com base nas evidências disponíveis, uma síntese do conhecimento atual sugere que os VSMs estão relacionados aos Arcellinida modernos, e a transição do ambiente marinho para o ambiente de água doce ocorreu várias vezes ao longo do Fanerozoico, período marcado por uma diversificação da vida na Terra.
As pesquisas para desvendar a evolução dos Arcellinida são complexas e desafiadoras, mas repletas de descobertas intrigantes. À medida que os cientistas continuam a explorar esses pequenos organismos e seu passado distante, esperamos que mais conhecimento seja alcançado sobre a história evolutiva da vida em nosso planeta.
Texto fonte: Lahr, D. J.. (2021). An emerging paradigm for the origin and evolution of shelled amoebae, integrating advances from molecular phylogenetics, morphology and paleontology. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, 116, e200620. Doi: 10.1590/0074-02760200620.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/0074-02760200620.
Fonte e legenda da imagem de capa: Ameba com casca do tipo Schoenbornia. A casca é como uma “concha” feita de grãos minerais colados juntos. Imagem retirada do artigo.
Disponível em: https://doi.org/10.1590/0074-02760200620.
Texto revisado por: Milena Ramos Fonseca e Alexandre Liparini.