Nova espécie de camarão do Cretáceo é descoberta no Brasil: fóssil incrivelmente bem preservado é o primeiro do tipo a ser descrito

Escrito em: 02 de Abril de 2024

Por: Gabriela Pessoa

Pesquisadores do Ceará descobriram um fóssil extremamente bem preservado de um camarão planctônico da família Luciferidae. Essa pequena família de camarões é conhecida por sua bioluminescência, e até então só possuía dois gêneros integrantes, Lucifer e Belzebub.

O fóssil não só revelou uma nova espécie, mas também todo um novo gênero, batizado pelos cientistas de Sume, em homenagem a uma antiga entidade conhecida como Sumé, que teria desaparecido no oceano Atlântico segundo a religião dos povos tupis. Já o nome completo da espécie, Sume marcosi, foi dado em homenagem ao biólogo e especialista em crustáceos Marcos Tavares.

O holótipo, ou seja, o espécime físico descoberto pelos cientistas e utilizado como base para a descrição formal da nova espécie, foi encontrado na cidade de Trindade, em Pernambuco, que pertence à região da Bacia Sedimentar do Araripe. A Bacia do Araripe abrange, além de Pernambuco, partes dos estados do Ceará e Piauí, e corresponde ao maior sítio paleontológico do Brasil, sendo reconhecida mundialmente por seus depósitos fossilíferos. Dentre as formações geológicas da Bacia do Araripe, uma que se destaca pela quantidade de fósseis é a Formação Romualdo, onde Sume marcosi foi achado. Sua idade data do Cretáceo Inferior, mais especificamente do Albiano, com cerca de 110 milhões de anos.

A descoberta impressiona por ter sido o primeiro fóssil de um representante da família Luciferidae encontrado e descrito pela ciência, já que, não só os camarões Luciferidae, mas os artrópodes planctônicos em geral, são muito raros de serem encontrados em registros fósseis. Impressiona também a qualidade do que foi preservado (ainda que com algumas partes faltando): tecido mole, olhos, antena e maxilípedes (espécies de “patas” que auxiliam na alimentação), considerando ainda que o espécime possuía apenas pouco mais do que 1 centímetro de comprimento!

Esta preservação de organismos tão pequenos e delicados, que habitaram a Terra há tanto tempo atrás, permite aos pesquisadores uma oportunidade única de compreender melhor alguns grupos biológicos até então desconhecidos pela ciência, e entender um pouco mais a história da vida no nosso planeta.

Texto fonte: SARAIVA, A.; PINHEIRO, P.; SANTANA, W. (2018). A remarkable new genus and species of the planktonic shrimp family Luciferidae (Crustacea, Decapoda) from the Cretaceous (Aptian/Albian) of the Araripe Sedimentary Basin, Brazil. Journal of Paleontology, v. 92 n. 03, p. 459-465.

Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/324484049_A_remarkable_new_genus_and_species_of_the_planktonic_shrimp_family_Luciferidae_Crustacea_Decapoda_from_the_Cretaceous_AptianAlbian_of_the_Araripe_Sedimentary_Basin_Brazil

Legenda da imagem de capa: Fóssil do camarão da espécie Sume marcosi encontrado pelos pesquisadores na Formação Romualdo/Bacia do Araripe (PE). (Foto tirada por William Santana, co-autor do artigo)

Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/324484049_A_remarkable_new_genus_and_species_of_the_planktonic_shrimp_family_Luciferidae_Crustacea_Decapoda_from_the_Cretaceous_AptianAlbian_of_the_Araripe_Sedimentary_Basin_Brazil

Texto revisado por: Tiago Lopes Siqueira e Alexandre Liparini

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