Fósseis de preguiça-gigante são encontrados em lagoa no município de Salgueiro – Pernambuco

Escrito em: 06 de abril de 2024

Por: Giovana Pires Cardoso Gonçalves

As preguiças-gigantes são mamíferos pré-históricos que habitaram o território das Américas, isso quer dizer que muitas espécies de preguiças-gigantes viveram aqui no Brasil. Sabe-se que o grupo teve origem na região da Patagônia, no sul da América do Sul e se estabeleceu no Panamá e que esses mamíferos possuem parentesco com as preguiças atuais, que são arborícolas. As preguiças-gigantes pertencem a um grupo já extinto de seis famílias, cuja extinção é datada de mais de 10.000 anos, no final do período Quaternário. No entanto, alguns estudos comprovam que alguns sobreviventes se mantiveram resistentes ao processo de extinção até cerca de 1500 a.C. em Cuba, na América Central.

Nem sempre a espécie teve um tamanho grande o suficiente que justificasse seu pseudônimo de preguiças-gigantes, durante o seu surgimento, algumas delas eram pequenas, com tamanhos próximos às preguiças de hoje. O que ocorreu foi que durante o processo de evolução, a seleção natural favoreceu alguns grupos para a ordem do gigantismo. Durante várias análises e estudos dos chamados coprólitos (ou em bom linguajar popular, cocô fossilizado) pertencentes às preguiças-gigantes, verificou-se que eram espécies puramente herbívoras, tendo sua base alimentar concentrada em folhas e ramos de árvores, além de consumirem em abundância uma gama variedade de frutos e sementes.

Como a sua disposição no território americano foi bem sucedida, é possível encontrar fósseis nos mais variados estágios de conservação e arranjos. Um dos sítios paleontológicos com esses fósseis fica localizado em Salgueiro no estado de Pernambuco em uma lagoa, que tem por nome Uri de Cima. Como a lagoa em questão se localiza num ambiente semiárido, percebe-se que durante boa parte do ano ela permanece seca ou com médias mínimas de volume, além disso é um sítio a céu aberto, algo que possibilitou o encontro de fósseis de um indivíduo adulto de preguiça-gigante. 

Após as análises tafonômicas do sítio, percebeu-se que a disposição dos restos estavam numa área restrita de 8 metros e concluiu-se que todo o conjunto de restos pertencem a um mesmo indivíduo, entretanto, vale salientar que no mesmo local também foram encontrados restos de outros indivíduos. Foram encontrados ao total 86 restos que apresentavam marcas de abrasão, o que indicaria transporte do material junto ao lago. Apresentaram também, marcas de rachadura que indicam intemperismo (ação química, física e/ou biológica que desgasta o material), por conta da ação do tempo que ficaram expostos antes do soterramento. Por fim, foi possível identificar a espécie, que foi  reconhecida como Eremotherium rusconii, no entanto, havendo discordância taxonômica relativa a esta espécie, chamada de Eremotherium laurillardi (Lund, 1842) por alguns e E. rusconii por outros, os pesquisadores optaram por identificar o animal apenas como Eremotherium.

Texto fonte: VALLI, Andrea Maria Francesco; MUTZENBER, Demetrio. (2016). Observações Sobre a Repartição Espacial dos Restos Fósseis de Preguiça-Gigante (Gênero Eremotherium) na Lagoa Uri de Cima, Pernambuco, Brasil.

Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41598-022-09125-9.

Fonte e legenda da imagem de capa: Representação artística de preguiça-gigante brasileira.

Disponível em: https://images.app.goo.gl/stG3nZgCjhsazoed6.


Texto revisado por: Sandro Ferreira de Oliveira e Alexandre Liparini.

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