Cal Orcko: um patrimônio paleontológico

Escrito em: 24 de março de 2024

Por: Gabriel Bárbara Gomes

Cal Orcko é uma região próxima da cidade de Sucre, na Bolívia, onde uma empresa que realizava demolições descobriu um paredão de rochas contendo vestígios de uma vida que existiu e foi extinta da Terra. Esses vestígios consistem em trilhas com mais de 5000 pegadas de diversos dinossauros que acabaram  fossilizadas, datadas do período do Cretáceo, cerca de 145 a 65 milhões de anos atrás, conforme identificado na tabela estratigráfica.

Por meio de técnicas de identificação que consideram o tamanho da pegada, o tamanho da passada e morfologia (formato), foram identificados principalmente indivíduos pertencentes a dois grupos de dinossauros, dos terópodes e dos saurópodes. Os saurópodes eram animais herbívoros, quadrúpedes, com pescoço e cauda longos, como o diplodoco e o braquiossauro. Por outro lado, os terópodes eram carnívoros, bípedes de tamanhos variados, desde os pequenos dromeossaurídeos com os velociraptors até animais enormes como os espinossauros. Além de identificar os animais, as pegadas indicam que havia uma grande variedade de vida durante o período cretáceo, sugerem que na mesma época a região de Cal Orcko possivelmente era uma bacia lacustre perene (observe na imagem a baixo), um ambiente cheio de lagos e água durante todo o ano. As pegadas também ajudam a entender sobre os movimentos tectônicos que ocorreram na área, tornando-a importante em diversos campos acadêmicos.

Figura 2:  Lagos marítimos internos remanescentes do recuo do oceano atlântico que, em época anterior à elevação da cordilheira dos Andes, tinha incursionado pela América do sul e pela este da Argentina. (Branisa, 1968).

Atualmente, essas pegadas são encontradas em um paredão com 1.200 metros de comprimento, 110 metros de altura e uma inclinação de 72°, obviamente esses animais não estavam treinando escalar paredes, mas isso nos mostra que inicialmente, esse paredão estava em uma posição bem menos inclinada que permitia aos dinossauros caminhar sobre ele, deixando as pegadas de seu trajeto. Com a movimentação das placas tectônicas Sul-americana e Nazca, o relevo acabou se transformando e onde era o chão por onde caminhavam estes animais, hoje é o paredão de pegadas cretáceas, graças a exuberante geomorfologia da Cordilheira dos Andes. A imagem abaixo demonstra como é a aparência destas camadas.

Figura 3: Dobramento do grupo de sedimentos denominado “Formação El Molino” do Maastrichtiano superior (68 milhões de anos atrás) do Cretáceo Andino.

Com o objetivo de preservação, a formação está localizada dentro de um parque de proteção chamado Parque Cretácico de Cal Orko, aberto à visitação. No projeto de criação do parque, artistas e paleontólogos trabalharam juntos para pesquisar e construir réplicas de dinossauros em escala real, como mostrado na imagem abaixo.

Texto fonte: SCHMIDT, Gustavo Adolfo. Costa, Thaíssa Amim. (2018). AS PEGADAS DE CAL ORCKO: O MAIOR LEGADO DA PALEONTOLOGIA DA AMÉRICA DO SUL. Revista Transformar, 12° edição, 2018. E-ISSN:2175-8255, pg. 134-143.

Disponível em: http://www.fsj.edu.br/transformar/index.php/transformar/article/download/151/126#:~:text=Localizada%20nas%20imedia%C3%A7%C3%B5es%20de%20Sucre,da%20fam%C3%ADlia%20dos%20Ter%C3%A1podos%20e.

Fonte e legenda da imagem de capa: Imagem de fósseis de pegadas de dinossauro em Cal Orcko.

Disponível em: http://www.fsj.edu.br/transformar/index.php/transformar/article/download/151/126#:~:text=Localizada%20nas%20imedia%C3%A7%C3%B5es%20de%20Sucre,da%20fam%C3%ADlia%20dos%20Ter%C3%A1podos%20e.

Texto revisado por: Ana Damiane Mello, Sandro Ferreia de Oliveira, Alexandre Liparini.

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