Escrito em: 23 de março de 2024
Por : Álvaro dos Santos Costa
Os cetáceos, grupo das baleias, botos e golfinhos são mamíferos conhecidos, pelas suas proporções gigantescas e por suas vidas exclusivamente aquáticas em mares e rios. No entanto, mesmo adaptados à vida aquática, estes animais possuem pulmões e precisam subir à superfície para respirar oxigênio. Características como estas nos deixam com algumas perguntas: como animais que respiram ar evoluíram para viver permanentemente na água? Qual foi o caminho evolutivo para que os cetáceos tenham passado a viver com êxito nos mares do nosso planeta? Quem foram seus antepassados?
Estas e outras indagações nos levam a buscar suas origens evolutivas para mapear a história evolutiva das baleias, botos e golfinhos modernos.
Já é sabido pelo meio científico que o parente vivo mais próximo das baleias são os hipopótamos, mamíferos ungulados (mamíferos que se apoiam em uma quantidade par de cascos). Mas apesar dessa relação os hipopótamos e os cetáceos são profundamente diferentes, e é aí que começa o quebra-cabeças da linha evolutiva das baleias.
Um dos primeiros indivíduos pertencentes a família dos cetáceos viveu há cerca de 56 milhões de anos (Ma), no Eoceno. conhecido como Pakicetus, seu nome faz referência ao local onde foi encontrado, o atual Paquistão. Era um mamífero terrestre semiaquático que, fisicamente, parecia muito pouco com os cetáceos atuais. Tinha quatro patas, poucos pelos curtos, um rosto alongado e dentes afiados, indicando uma alimentação carnívora assim como os cetáceos modernos.
Ao chegarmos ao período do Eoceno médio, (47.8 Ma) no Paquistão, encontramos, Ambulocetus com características físicas já mais bem melhor adaptadas à vida próxima a corpos d’água do que Pakicetus. Possuía longos membros traseiros –especialmente as tíbias e fíbulas –, membros posteriores maiores que a cauda e uma pelve bem desenvolvida. Todas estas são adaptações para locomoção em ambientes aquáticos, o que leva a crer que Ambulocetos já não necessitava da terra firme para muitas coisas. Com base em suas características, a maneira com que se comportava deveria lembrar muito os hábitos de leões marinhos atuais.
Pulando para o Eoceno Superior (38 Ma), os cetáceos apresentam um modo de vida totalmente aquático, com características totalmente adaptadas à vida na água. Gêneros como Dorudon, Basilossauro, e Cynthiacetus já se assemelhavam muito aos cetáceos modernos. Membros posteriores já muito atrofiados e pelve completamente desconectada da coluna vertebral, são características que explicitam como estes animais – diferentemente de Ambulocetus – possuíam uma vida já completamente aquática.
Outra notável característica evolutiva foi o tamanho destas criaturas, os basilosaurídeos chegavam a grandes dimensões com indivíduos medindo até 18 metros de comprimento enquanto Pakicetus e Ambulocetus chegavam no máximo a 4 metros de comprimento.
Os primeiros Misticetos (Llanocetus) já do último período do Eoceno, possuíam individuos com dentes e alguns com pequenas estruturas filtradoras as cerdas, este é um momento chave para a divisão de misticetos e odontocetos. Estas cerdas enunciam um tipo de alimentação baseada por pequenos animais com o desenvolvimento deles e a perda de dentes, os Misticetos desenvolveram uma adaptação eficiente, a alimentação com filtro relacionada a uma estratégia alimentar diferente da dos basilosaurídeos. neste momento da história da evolução dos cetáceos as narinas já estão na parte de cima do crânio, o que permite uma respiração mais prática e rápida, seus crânios também já estão alongados e projetados para frente como os cetáceos atuais
Ao chegarmos nos tempos atuais veremos duas classes de cetáceos:. Odontocetos, cetáceos com dentes calcificados como de orcas e golfinhos-nariz-de-garrafa; Misticetos , que possuem cerdas,fibras de queratina como das baleias-azuis e baleias jubarte.
Foi um longo caminho até os cetáceos chegarem aonde chegaram, milhões de anos de constante evolução para a adaptação de um ser terrestre para um totalmente aquático. A chegada aos mares permitiu a esses animais atingirem tamanhos enormes e formatos totalmente hidrodinâmicos perfeitos para a vida na água, sendo um dos processos de evolução mais complexos e extremos da história da evolução.
Texto fonte: The origin and evolutionary history of cetaceans Author, Christian de Muizon.
Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1631068308001097
Imagem Fonte: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1631068308001097, imagem 15.
Texto fonte: Département histoire de la Terre, UMR 5143 (CNRS, MNHN, UPMC), CP 38, 57, rue Cuvier, 75005 Paris, France Author: Christian de Muizon Publication: Comptes Rendus Palevol Publisher: Elsevier Date: March–April. (2009). https://doi.org/10.1016/j.crpv.2008.07.002 Christian de Muizon, L’origine et l’histoire évolutive des Cétacés, Comptes Rendus Palevol, Volume 8, Issues 2–3, 2009, Pages 295-309, ISSN 1631-0683.
Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S16310683080010;97.
DOI: https://doi.org/10.1016/j.crpv.2008.07.002.
Fonte e legenda da imagem de capa: Capa do livro na qual foi feito o texto.
Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S16310683080010;97.
Texto revisado por: Ana Damiane, Sandro Ferreira e Alexandre Liparini,