Paleotocas Megaichnus major

Escrito em: 04 de abril de 2024

Por:  Lara Karoline Silva Cardoso

As preguiças-gigantes são mamíferos extintos que habitaram a América do Sul durante o Plioceno e o Pleistoceno. Esses animais pertencem à ordem Cingulata, assim como os tatus atuais, e foram responsáveis pela criação das chamadas paleotocas do icnogênero Megaichnus, definidas como túneis e salões formados pela escavação de rochas que já estavam alteradas. Dessa forma, os Megaichnus representam uma evidência fóssil das atividades desses gigantescos animais passados.  

Nas paleotocas estão registradas as marcas deixadas pelas preguiças-gigantes, além de serem locais que possuem entradas e saídas, pois eram utilizadas como abrigo. Além disso, por meio da análise da extensão das paleotocas é possível até mesmo diferenciar as que foram escavadas por preguiças-gigantes, Megaichnus major, e aquelas que foram por tatus-gigantes, Megaichnus minor. É importante evidenciar que a maior parte dos Megaichnus estão localizados na região sul do Brasil, principalmente em Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS). Porém, é difícil determinar suas idades exatas, visto que não há relação entre a época de construção desses abrigos e a idade das rochas locais, contudo, alguns Megaichnus encontrados no Brasil datam do Pleistoceno, por volta de 325 mil anos.  

As paleotocas são locais instáveis para visitação, mas então como preservar e ao mesmo tempo ser acessível ao público? Para resolver isso foram criados Modelos Digitais Tridimensionais (M3D) de Megaichnus major em Doutor Pedrinho, município localizado no Estado de Santa Catarina. Dessa forma, é possível conhecer e estudar estes icnofósseis de maneira virtual, sem necessariamente ir ao local em que eles se encontram, possibilitando a ampliação do conhecimento àqueles que têm interesse de visitar o ambiente, além de que, segundo o artigo de Caroline et al. (2022) “O M3D possibilita a visualização interativa e novas possibilidades de aprendizagem, pois essa ferramenta permite fácil acesso por meio da internet e diferentes maneiras de manuseio, como girar e ampliar detalhes”. 

Dessa maneira, foi feito o mapeamento do Megaichnus major em Doutor Pedrinho, por meio da realização das medidas das dimensões dos túneis e salões, e dos levantamentos fotogramétricos, a fim de garantir uma visão detalhada das marcas deixadas pelas preguiças-gigantes e então elaborando um banco digital de dados, executado no Laboratório de Estratigrafia e Paleontologia (LEP), da UNESP, para organizar as informações que foram retiradas e, a partir disso, criar o M3D.

Posteriormente, ele foi transformado em um aplicativo de Realidade Virtual que seria acessível ao público. Por fim, a paleotoca estudada foi escavada em arenitos do Grupo Itararé e por preguiças-gigantes da família Mylodontidae, mas também houve presença de outros tipos de seres vivos, devido à alternância do tamanho dos túneis. Além disso, o processo de pesquisa realizado tornou público a visualização detalhada desse local por meio do M3D, fazendo com que esse conhecimento paleontológico pudesse ser ampliado visando atingir o maior número possível de pessoas.

Texto fonte: AUDI, C.; MEYER, D.; TJUI YEUW, T.; BARALDO, K. B.; FEY, J. D.; SPANGHERO, N. F.; MUNHOZ, M. S.; OLIVEIRA, B. J. de; BUCHMANN, F. S. (2022). Fotogrametria de um icnofóssil escavado por preguiças-gigantes (Megaichnus major). Revista Brasileira de Paleontologia, [S. l.], v. 25, n. 3, p. 208–218.

Disponível em: https://sbpbrasil.org/publications/index.php/rbp/article/view/306. Acesso em: 4 apr. 2024.

DOI: 10.4072/rbp.2022.3.04.

Fonte e legenda da imagem de capa: Ilustração de como ocorre o processo de escavação na rocha para gerar a paleotoca.

Disponível em: Extraída do site GZH.

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