Escrito em: 03/11/2023
Por: Mateus Chaves da Costa
Uma extinção em massa pode ser configurada quando a Terra perde mais de 75% de suas espécies em um determinado tempo geológico. Na história do nosso planeta, são conhecidas cinco grandes extinções em massa, sendo elas nos períodos Ordoviciano (~ 440 Ma), Devoniano (~359 Ma), Permiano (251 Ma), Triássico (~200 Ma) e Cretáceo (~66 Ma). Essas foram causadas por diversos fatores, como o arrefecimento global, a elevação e o desgaste dos Montes Apalaches ( que alteraram a química atmosférica e oceânica do planeta), desastres naturais como o vulcanismo siberiano, o impacto de asteroides, além de diversas outras causas que alteraram os habitats de alguma forma, os tornando incompatíveis com a vida de diferentes espécies.
Em nossa atual era geológica, cientistas têm observado um aumento expressivo no desaparecimento de espécies, devido a atividades antrópicas . Segundo o artigo “Has the Earth’s sixth mass extinction already arrived?” publicado na revista Nature, os humanos têm acelerado o processo de uma possível sexta extinção em massa, através de cooptação de recursos, destruição e fragmentação de habitats, introdução de espécies não-nativas, alterações drásticas no clima global devido ao aumento de CO₂ atmosférico e a perda gradual da camada de ozônio. Seguindo o ritmo atual, sem mudanças governamentais e ambientais, em apenas alguns séculos, a Terra atingiria um extremo, causando a perda de uma grande diversidade de espécies, não havendo tempo para uma recuperação da biodiversidade no planeta.
Para verificarmos como está o ritmo de desaparecimento percentual de espécies hoje em dia, esse estudo trouxe uma comparação combinada da taxa de extinção dos últimos séculos, que é o número de espécies extintas dividido pelo tempo que ocorreram as extinções e da magnitude, que configura a porcentagem de espécies que foram extintas, entre a época geológica atual (Holoceno)l e as cinco grandes extinções, já mencionadas acima. Assim, uma primeira pergunta crítica é se as taxas atuais produziriam extinções em massa com a mesma magnitude das Cinco Grandes Extinções, no decorrer de uma mesma quantidade de tempo geológico.
Dessa forma, o artigo evidencia que as atuais taxas de extinção de mamíferos, anfíbios, aves e répteis se calculadas ao longo dos últimos 500 anos, são mais altasdo que ou tão altas quanto s taxas que teriam produzido cada uma das cinco grandes extinções.
Além disso, poderia ser feita uma segunda pergunta, baseando-se nesse cenário hipotético, mais quantos anos seriam necessários para que as atuais taxas de extinção produzissem perdas de espécies equivalentes às magnitudes das antigas cinco grandes extinções? A resposta é que se todas as espécies “ameaçadas” fossem extintas num século, e essa taxa continuasse inabalável, a extinção terrestre de anfíbios, aves e mamíferos alcançaria as magnitudes observadas nas cinco grandes extinções, em apenas mais 240 a 540 anos. Mostrando novamente que as atuais taxas de extinção são superiores às que causaram as maiores extinções em massa, para as quais temos registro fóssil, no tempo geológico, e que poderão ser suficientemente graves para levar, no período de meros 3 a 5 séculos, as magnitudes de extinção a um nível equivalente ao dos cinco grandes eventos de extinção já ocorridos na Terra.
É importante dizer que, apesar da gravidade dos dados apresentados, a nossa época geológica atual ainda não pode ser qualificada como um começo de extinção em massa no sentido paleontológico das outras cinco grandes extinções. Na verdade, ainda possuímos uma grande biodiversidade para proteger e evitar um acúmulo de espécies ameaçadas. Entretanto, esse estudo serve de alerta para a grande necessidade de maiores ações de conservação, para preservação de nossa tão rica e bela biodiversidade.
Texto fonte: .BARNOSKY, A. D. et al. (2011). Has the Earth’s Sixth Mass Extinction Already arrived? Nature, v. 471, n. 7336, p. 51–57, mar, 2011.
Disponível em: https://www.nature.com/articles/nature09678.
Doi: https://doi.org/10.1038/nature09678.
Fonte e legenda da imagem de capa: A ilustração mostra uma versão do globo terrestre cercado de poluição, mostrando as consequências de distúrbios antrópicos e sensibilizando o público quanto a esse problema ambiental.
Disponível em: https://imgur.com/a/R7Im2dd.
Texto revisado por: Marina Purri, Sandro Ferreira de Oliveira e Alexandre Liparini.