Escrito em: 08/11/2023
Por Bernardo Ribeiro Mendes
Um estudo publicado na Revista da Academia de Ciências do Piauí realizou um levantamento dos registros fósseis de invertebrados, como moluscos e crustáceos. O objetivo foi caracterizar o ambiente das formações Poti e Piauí (do período Carbonífero) e Pedra de Fogo (do período Permiano) da Bacia do rio Parnaíba, no estado do Piauí e, assim, ajudar a compreender os aspectos evolutivos da fauna desses ecossistemas no passado. Para realizar o levantamento a escolha de se utilizar invertebrados (animais que não possuem coluna vertebral) para tentar reconstruir a paleoecologia dos antigos ecossistemas não foi por acaso, na verdade esse é o grupo mais favorável para esta abordagem devido a sua abundância no registro geológico e sua grande diversidade.
A partir desse levantamento, foi constatado um grande registro de invertebrados fósseis na região, principalmente em sedimentos de topo, popularmente denominados de ‘Calcário Mocambo’, que são ambientes marinhos de águas rasas. O curioso é que, mesmo com tanta abundância, dentre os grupos estudados, os bivalves foram os únicos invertebrados encontrados nas três formações isso pode ser explicado pela insuficiência de trabalhos para essas formações da região ou por consequência de movimentos tectônicos, por exemplo. Mas essa constatação também confirma a similaridade entre as faunas carboníferas das formações Poti e Piauí e as do Permiano da formação Pedra de Fogo.
Também foram coletadas outras informações interessantes, como a ocorrência em um mesmo período de trilobitas do gênero Ameura (um grupo de artrópodes já extinto) com moluscos bivalves do gênero Aviculopecten (animais que possuem uma concha formada por duas valvas) na região, e a descrição de uma nova espécie em 2012: a Oriocrassatela piauienses encontrada no leito próxima ao município de José de Freitas, no Piauí. Essa nova espécie foi gravada para formação Piauí e acredita-se que teve sua fase inicial de dispersão do Carbonífero superior ao Permiano inferior, desenvolvendo-se em ambientes de água fria associados à glaciação.
Texto fonte: SILVA, L. C. R. (2022). REGISTRO FÓSSIL DE INVERTEBRADOS DA SEQUÊNCIA PERMO-CARBONIFERO DA BACIA DO PARNAÍBA. Revista da Academia de Ciências do Piauí, 3(3).
Disponível em: https://periodicos.ufpi.br/index.php/acipi/article/view/1603/1564 acessado em: 30/04/2025.
Fonte e legenda da imagem de capa: A Bacia do rio Parnaíba, localizada no estado do Piauí, é uma das bacias hidrográficas mais importantes do Brasil.
Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Parna%C3%ADba_Basin_in_Piracuruca,_State_of_Piau%C3%AD,_Brazil.png.
Texto revisado por: Lucélio Batista e Alexandre Liparini.