Escrito em: 11 de novembro de 2024
Por: Julia Rodrigues Ferreira
Bem, você já sabe que o estado do Sergipe, é muito rico em biodiversidade, possui belas praias, mas e fósseis ? Nesse texto gostaria de contar um pouco sobre isso.
Em meados dos anos noventa, houve a primeira descoberta de fósseis em uma caverna sergipana, quando um grupo de pesquisadores encontraram um dente de tubarão e pequenas vértebras, nesse momento ainda não se imaginava que poderia haver fósseis de mamíferos naquele local. Após alguns anos esse cenário mudou, outro grupo de pesquisadores encontram fósseis de Galea spixii, uma espécie popularmente conhecida como Preá-do-nordeste e outra espécie encontrada foi a Glyptodon clavipes, uma mamífero gigante já extinto e muito parecido com o tatu, essas espécies foram registradas no município de Simão Dias.
Em relação a espécie Glyptodon clavipes pertencente a família Glyptodontinae, eles encontraram um dente molar, com três protuberâncias e com cristas de osteodentina. Os gliptodontes eram animais herbívoros, pastadores e acostumados com ambientes abertos, isso se é confirmado devido a sua dentição. No Brasil ocorrem duas espécies pleistocênicas pertencentes à subfamília Gliptodontinae: Glyptodon clavipes e Glyptodon reticulatus, ambas descritas para achados no Nordeste do Brasil, já em Sergipe, fósseis de G. clavipes foram encontrados no município de Gararu, em um tanque na localidade Fazenda Charco, em associação com outros oito táxons.
Agora sobre a outra espécie de mamífero encontrada a Galea spixii, o fóssil foi um fragmento de dentário direito, contendo parte do incisivo e molar, a Galea possui molares com a coroa dentária bem desenvolvida, além disso a camada de esmalte estar presente em apenas algumas regiões dentárias. Esta família subdivide-se nas subfamílias Caviinae, Dolichotinae e Hydrochoerinae e no Brasil ocorrem dois gêneros pertencentes à subfamília Caviinae: Cavia, com seis espécies, e Galea, com duas espécies, G. musteloides e G. spixii. Sabemos que fósseis desta espécie já foram encontrados na Argentina, Bolívia e Uruguai e também no Brasil foram descritas por Winge em 1888, baseado nos achados de Peter Lund em cavernas de Lagoa Santa (Minas Gerais), sendo atribuídas ao Pleistoceno. Dessa forma, os pesquisadores baseados nas informações que já possuíam e fazendo o diagnósticos das características do fóssil identificado foi atribuído à espécie Galea spixii.
Os materiais coletados, foram formados em momentos diferentes, pois sofreram transporte, ou seja saíram do seu lugar de origem e se depositaram em outro local. Tal fato pode ser explicado pela presença de grandes clastos associados aos ossos cranianos de G. spixii e G. clavipes. Outro ponto importante, é que os pesquisadores não conseguiram realizar o processo de datação, por isso eles atribuíram os fósseis ao período Pleistoceno final Holoceno.
Por fim, o artigo demonstra a importância dos estudos fósseis para a compreensão da biodiversidade geológica do Brasil. Agradecemos sua leitura e esperamos que tenham encontrado informações interessantes.
Texto fonte: DANTAS, Mário André Trindade. (2009). Primeiro registro de fósseis de mamíferos pleistocênicos em caverna de Sergipe, Brasil. Revista Brasileira de Paleontologia, v. 12, n. 2, p. 161–164.
Disponível em: https://www.sbpbrasil.org/revista/edicoes/12_2/Artigo%206%20-%20Dantas.pdf. Acesso em: 18/04/2025
Fonte e legenda da imagem de capa: Local da descoberta.
Disponível em:https://www.sbpbrasil.org/revista/edicoes/12_2/Artigo%206%20-%20Dantas.pdf. Acesso em: 18/04/2025
Texto revisado por: Giulia Alves e Alexandre Liparini.