Escrito em: 06 de Novembro de 2023
Por Clara Pincer
“Fósseis são enigmáticos, pois, mesmo quando completos, revelam apenas parte de
si e de sua história…” (BERGQVIST; PRESTES, 2014). Dizer que a curiosidade
matou o gato é fácil quando o gato não é a gente. A curiosidade pode, muitas vezes,
ser super benéfica no dia a dia, principalmente quando estamos no ambiente
escolar. Crianças e adolescentes são incentivados a buscar conhecimento quando
provocados de alguma forma, e é por isso que os professores devem, sempre que
possível, utilizar uma abordagem investigativa no ensino básico.
A paleontologia é uma área vasta e extremamente interessante, principalmente por
estudar questões da origem e evolução das espécies no nosso planeta, assunto que
desperta interesse em qualquer pessoa. Imaginem só, então, estar cara a cara com
registros fósseis de milhões de anos atrás, que contam, em detalhes, histórias
envolventes sobre os seres vivos que habitaram a Terra no passado?
É justamente esse o intuito de educadores que desenvolveram a ideia de um “Kit
Paleontológico” para o Ensino Fundamental, que permite aos alunos uma imersão
no estudo da paleontologia, bem como na história e a importância por trás de cada
fóssil.
Infelizmente, grande parte das escolas abordam de forma simples ou nem mesmo
trazem essa ciência para a sala de aula. Atualmente, têm surgido propostas de
ensino mais atrativas e com maior interação dos alunos com a paleontologia, como
informática e visitas a museus. Entretanto, apesar de fugirem da famosa e cansativa
aula expositiva, essas abordagens não apresentam uma investigação por parte do
estudante e não garantem completa absorção do conteúdo. O objetivo do uso
desses kits, portanto, é promover uma participação ativa das crianças e/ou
adolescentes com a matéria, além de servir como ferramenta interdisciplinar
futuramente, a fim de mostrar que a paleontologia não é só fósseis de dinossauros.
As réplicas escolhidas para a montagem do kit ilustram a diversidade de fósseis da
bacia fluminense, e as cartilhas descrevem informações científicas, bem como sobre
os fósseis e as bacias sedimentares. Mas você deve estar se perguntando: quando
entra a investigação, então? E eu te respondo: em uma das atividades propostas, os
alunos são desafiados a imaginar e sugerir como era o ambiente onde aqueles
animais, hoje somente fósseis, viveram, identificar o grupo a que pertencem e supor
quais necessidades ecológicas que estes animais podem apresentar. Em outra, os
estudantes são instigados a descobrir qual a idade da bacia com base na
nos fósseis característicos de cada época, por exemplo, Paleoceno.
Dessa forma, estar (literalmente) “De frente com Fósseis” auxilia no
desenvolvimento do raciocínio, proporciona uma interação da turma com o que será
estudado e garante um aprendizado profundo e completo. Afinal, quem não gosta
de colocar em prática aquilo que aprendeu?
Texto fonte: Paglarelli Bergqvist, Lílian; Serodio Prestes, Stella Barbara. (2014). Kit paleontológico: um material didático com abordagem investigativa. Ciência & Educação (Bauru), vol. 20, núm. 2, pp. 345-357.
Disponível em: https://www.scielo.br/j/ciedu/a/HNnWrrYRYkgdCt3yn6Jdmtv/ acessado em 14/04/2025
Fonte e legenda da imagem de capa: imagem de crianças escavando fósseis.
Texto revisado por: Lucélio Batista e Alexandre Liparini.