O que o passado pode nos dizer sobre o futuro?

Escrito em: 06 de dezembro de 2023

Por: Vitória Ramos

As mudanças climáticas sempre fizeram parte da história do planeta Terra. Ao longo dos 4,6 bilhões de anos de sua existência, o clima passou por várias transformações. No entanto, atualmente, essas mudanças estão se intensificando, principalmente devido à emissão de gases de efeito estufa. Para compreender como esses fenômenos podem impactar o futuro, pesquisadores têm combinado conhecimentos de paleontologia, ecologia e genética para estudar as dinâmicas vegetacionais do passado.

O estudo analisou regiões temperadas e revelaram que mudanças no clima frequentemente deixaram marcas genéticas em populações de plantas atuais. om a ajuda de técnicas modernas, como o sequenciamento de DNA antigo (aDNA) retirado de sedimentos, os cientistas conseguem identificar espécies e populações do passado. Essa abordagem muitas vezes é mais eficiente do que métodos tradicionais, como a análise de fósseis ou pólen.

Durante os episódios glaciais do Quaternário, vastas áreas do hemisfério norte foram cobertas por gelo. Apesar disso, várias espécies de árvores sobreviveram em refúgios glaciais – lugares com clima mais ameno, localizados em regiões de latitude média e alta. Esses refúgios funcionaram como “esconderijos” de biodiversidade, protegendo as espécies e permitindo que elas resistissem ao frio. Quando o gelo derreteu, durante os períodos mais quentes, essas árvores se espalharam para novas áreas a partir dos refúgios.

A genética ajuda a rastrear essas migrações, mostrando como as espécies se expandiram, geralmente para o norte ou por meio de “corredores” ecológicos. Esses movimentos foram acompanhados por mudanças importantes, como reduções drásticas no tamanho das populações (chamadas de gargalos populacionais) e expansões rápidas, que afetaram a diversidade genética das plantas que conhecemos hoje.

Os cientistas também destacam um fenômeno chamado “dilema riqueza do sul versus pureza do norte”. Ele explica que regiões próximas ao equador costumam ter mais biodiversidade. Por outro lado, as espécies que migraram para o norte após a Era do Gelo enfrentaram perdas genéticas, já que pequenas populações fundaram novos grupos e acabaram perdendo parte da variedade de seus genes.

Hoje, com o aquecimento global e o aumento de eventos extremos, como secas, as áreas próximas ao equador, que abrigam grande parte da biodiversidade, estão em risco. Entender como as plantas sobreviveram e se adaptaram no passado pode ajudar a criar estratégias para proteger a biodiversidade em um mundo que está mudando rapidamente. Essas informações são fundamentais para preservar ecossistemas importantes e reduzir os impactos das mudanças climáticas.

Legenda da imagem de capa: Imagem criada por inteligência artificial (IA) representando dois cenários contrastantes: de um lado, um ambiente afetado por eventos climáticos extremos, como tempestades, incêndios florestais e inundações; do outro, um ecossistema preservado, com vegetação exuberante, águas cristalinas e fauna em equilíbrio.

Texto fonte: WILLIS, K. J.; BIRKS, H. J. B. (2006). Paleoecology meets genetics: deciphering past vegetational dynamics. Trends in Ecology & Evolution, v. 21, n. 10, p. 674-680.

Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/341819862_Paleoecology_meets_genetics_deciphering_past_vegetational_dynamics.

Texto revisado por: Tiago Lopes Siqueira Alexandre Liparini e Vitória Ramos.

Deixe um comentário