Você já ouviu falar sobre fósseis de camarão no Brasil?

Escrito em: 10 de janeiro de 2025

Por Sara Arêdes da Cunha Souza

Será que sua preservação fóssil é possível ?

Quais foram os primeiros fósseis de camarão a serem encontrados no Brasil? 

Os camarões fazem parte do grupo dos crustáceos, caracterizado por possuir animais invertebrados, ou seja, não possuem coluna vertebral e crânio. Porém, estes animais possuem o exoesqueleto, um esqueleto externo rígido e se destacam pela presença de dois pares de antena e cinco pares de apêndices (patas), todos articuláveis, habitam majoritariamente ambientes aquáticos incluindo marinhos e de água doce, contudo, são encontrados também em ambientes terrestres. 

A preservação fóssil ( vestígios de organismos que foram preservados com o passar dos anos) dos camarões é bem rara, pois são animais que se decompõem de forma rápida. Os lugares que apresentam registros fósseis de camarões evidenciam que a sedimentação de minerais que substituíram a matéria orgânica mostrou ser crucial para registros de dados paleontológicos.   

Os fósseis de camarões são pouco estudados, tendo seus primeiros registros na década de 1940, quando o pesquisador Mathias Gonçalves de Oliveira Roxo encontrou os primeiros fósseis de camarão na Fazenda Quatis, no município de Bom Conselho, no estado da Bahia.  Estes fósseis foram os primeiros da infraordem ( grau de classificação taxonômica)  Caridea a serem encontrados no Brasil e na América do Sul. Em 1950, através do estudo dos  registros de Roxo,  o pesquisador Burlen pôde classificar os fósseis encontrados como espécies  Atyoida roxoi e Palaemon bahiaensis ambas datadas do Cretáceo (145 a 65 Ma atrás ). Neste mesmo trabalho, Burlen descreveu um fóssil classificado como espécie Atyoida tremembeensis, encontrado na Formação Tremembé (era paleógeno: 65 a 23 Ma atrás) na Bacia Taubaté, no estado de São Paulo. 

Desde os registros de Burlen as pesquisas sobre fósseis de camarões ficaram estagnadas, sendo retomadas em 1990 por Martins Neto e Mezzalira, por meio de uma revisão taxonômica (identificação, descrição e classificação dos organismos), reclassificando os fósseis encontrados por Burlen e Roxo em outros gêneros, os nomeando então, como:  Pseudocaridinella tremembeensis, Pseudocaridinella roxoi e Bechleja bahiaensis. Além da reclassificação, eles adicionaram mais um táxon à Formação Tremembé, a espécie Bechleja robusta

A Partir daí, vários outros estudos foram publicados identificando, descrevendo, classificando novas espécies e reclassificando taxonomicamente espécies já classificadas, ampliando assim, o conhecimento sobre a diversidade de fósseis desses animais, permitindo a construção de uma linha do tempo evolutiva para estes animais.

Texto fonte: Barros, O.A; Viana, M.S.S; Silva, J.H; Saraiva, A.A.F & de Oliveira, P.V. (2021). O Estudo de Camarões Fósseis no Brasil’, Anuário do Instituto de Geociência- UFRJ, v.44, n.39063, p. 1-12. Doi: 10.11137/1982-3908_2021_44_39063 Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/aigeo/article/view/39063 acessado em: 07/12/20paleotologia24.

Fonte e legenda da imagem de capa: Fóssil de camarão, Fonte da imagem; https://www.museunacional.ufrj.br/dir/exposicoes/paleontologia/pale031.html


Texto revisado por: Lucélio Batista e Alexandre Liparini.

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