Escrito em: 6 de novembro de 2023
Por: Laura Puig Prat
No início do século XIX, ao longo dos penhascos da vila britânica de Lyme Regis, foram feitas muitas descobertas paleontológicas importantes, que remontam ao Jurássico Inferior, por volta de 201.3 a 174.1 milhões de anos. Essas descobertas ajudaram a definir e entender os oceanos pré-históricos, na qual inúmeras delas foram feitas por Mary Anning.
Mary Anning foi uma paleontóloga autodidata nascida em 1799. Ela começou a coletar fósseis aos 11 anos de idade, após a morte de seu pai. Ela vinha de uma família muito pobre, que se dedicava à venda dos fósseis que coletava e que, naquela época, estavam na moda nas esferas sociais mais ricas. Embora seu nome tenha chegado à mais importante comunidade de paleontólogos da época, com figuras famosas e reconhecidas, ela não conseguiu fazer parte da comunidade. Como muitas outras mulheres na ciência, seu trabalho foi encoberto e muitos cientistas homens não deram crédito às suas descobertas nos artigos que escreveram. Até mesmo a Sociedade Geológica de Londres não a reconheceu.
Ela e seu irmão descobriram o primeiro ictiossauro identificado cientificamente, mas, além dessa grande descoberta, Anning também encontrou um esqueleto relativamente completo de um plesiossauro, o primeiro pterossauro britânico e o primeiro saco de tinta fossilizado de um cefalópode, descobertas que foram o ponto de partida para muitas outras. Todos esses fósseis foram coletados em Lyme Regis. Hoje, a maioria deles está no Museu de História Natural de Londres e no Museu Sedgwick, em Cambridge.
Anning desenterrou o Ichthyosaurus breviceps em 1811, marcando um ponto de virada na história da paleontologia. Esse espécime em particular, conhecido por seu focinho mais curto e por suas características únicas, é um material curioso para a ciência há muito tempo. Pesquisas recentes revelaram novas informações sobre o famoso Ichthyosaurus breviceps, revelando detalhes de sua dieta, locomoção e papel ecológico.
Foi revelado que o estômago do animal preservava peixes parcialmente digeridos, o que ajuda a fornecer informações sobre as relações tróficas nos mares jurássicos, dessa forma esse fóssil pode ser considerado um ótimo bioindicador. E agora, se você visitar o Museu de História Natural de Londres e ver o Ictiossauro, saberá mais sobre ele e, mais importante, sobre a mulher responsável por sua descoberta.
Texto fonte: MASSARE, J. A.; LOMAX, D. R (2013). An Ichthyosaurus breviceps collected by Mary Anning: new information on the species. Geological Magazine, v. 151, n. 1, p. 21–28.
Doi: https://doi.org/10.1017/S0016756813000241.
Fonte e legenda da imagem de capa: Fóssil de Plesiossauro de Mary Anning no Natural History Museum in London.
Disponível em: https://i.pinimg.com/originals/f9/20/0e/f9200ea580dd4668fa5566bc5f6d0e36.jpg.
Texto revisado por: Sandro Ferreira de Oliveira e Alexandre Liparini.