Escrito em: 07 de novembro de 2023
Por: Teresa Mol Fonseca
Os morcegos possuem características singulares: além de serem capazes de voar, utilizam a ecolocalização, um fenômeno em que emitem ondas sonoras que, ao refletirem nos objetos à sua frente, permitem que eles se localizem no ambiente.
Diversos fatores contribuem para a habilidade de voo dos morcegos, como:
- Metabolismo acelerado, que fornece a energia necessária para o voo;
- Ecolocalização, que os ajuda a se orientar no ar mesmo com visão limitada;
- Corpo aerodinâmico e ossos leves, que reduzem a resistência do ar;
- Membranas entre os dedos e a lateral do corpo, que formam asas perfeitas para o deslocamento.
O fóssil mais antigo de morcego, da espécie Onychonycteris finneyi, com cerca de 52 milhões de anos, foi encontrado no Wyoming, EUA. Esse fóssil já apresentava algumas dessas características, mas seu corpo não era tão aerodinâmico e ele possuía garras nos dedos das asas. Isso indica que ele era capaz de planar por curtas distâncias e escalava com habilidade, sugerindo uma evolução gradual até os voadores eficientes que conhecemos hoje.
Ainda existem debates entre cientistas sobre como essa evolução aconteceu. Uma das principais questões é: o que surgiu primeiro, o voo ou a ecolocalização?
Uma teoria, chamada hipótese da membrana interdigital, sugere que os ancestrais dos morcegos tinham hábitos noturnos, audição excelente e emitiam sons em frequências ultrassônicas para comunicação (que mais tarde evoluíram para a ecolocalização). Esses ancestrais viviam em árvores, possuíam dedos longos para capturar insetos e membranas que impediam que as presas escapassem. Com o tempo, essas membranas começaram a ajudá-los a planar entre as árvores e, com o passar das gerações, evoluíram para as asas, permitindo o voo ativo.
O voo foi crucial para o sucesso evolutivo dos morcegos, permitindo que se espalhassem pelo planeta. Hoje, eles desempenham papéis essenciais nos ecossistemas devido à sua diversidade alimentar: alguns se alimentam de néctar, frutas, insetos e até sangue. Graças a isso, contribuem para a polinização de plantas, a dispersão de sementes e o controle de populações de insetos.
Entender e preservar esses animais é fundamental para manter o equilíbrio da natureza e proteger os serviços ecológicos que eles oferecem.
Palavras-chave: Morcego, voo, membrana interdigital, ecolocalização, evolução
Fonte e legenda da imagem de capa: Morcego da espécie Corynorhinus townsendii voando. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Big-eared-townsend-fledermaus.jpg
Texto fonte: ANDERSON, Sophia C.; RUXTON, Graeme D. (2020) The evolution of flight in bats: a novel hypothesis. Mammal Review, v. 50, n. 4, p. 426-439. Doi: https://doi.org/10.1111/mam.12211.
Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/mam.12211#:~:text=The%20flight%2Dfirst%20hypothesis%20proposes,allowed%20greater%20control%20and%20manoeuvrability. Acesso em: 07 nov. 2023.
Texto revisado por: Vívian Camargos Pinto