Escrito em: 04 de Abril de 2023
Por: Hans Muller Silva Campos
Um dos grupos de animais que geram grande temor e admiração do ser humano são os dinossauros. Michael Crichton em seu livro Jurassic Park e Spielberg no filme homônimo, que deu início a uma franquia de sucesso, trouxeram uma trama com esses gigantes extintos que fascinam o público de todas as idades até os dias atuais, ainda mais com a revitalização do assunto com a nova trilogia do Jurassic World.
Naturalmente, com os avanços da ciência moderna e os processos genéticos cada vez mais sofisticados, muitas pessoas se questionam: “é possível clonar ou criar um dinossauro com a nossa tecnologia atual?”. Para os entusiasmados que sonham ter um velociraptor em casa, devo avisar que a resposta é não. Embora Hollywood explore bem essa temática e nos mostre um ambiente tecnológico e estruturado possível para tal feito, de acordo com o artigo Jurassic World: quão impossível é? de Geraint Parry, esse processo infelizmente está longe da realidade fora das telas de cinema.
O processo de clonagem está fora de cogitação, visto que, independentemente da fonte de DNA de dinossauro; seja de ossos fossilizados ou de um mosquito preso em âmbar, são nulas as chances de encontrar material genético intacto, tornando a ideia da criação de novos dinossauros a partir de DNA preservado coisa da “Sessão da tarde” do que de fato possível.
Um ponto importante que o artigo aponta, é a diferença na escala temporal, algo que os humanos não são muito bons em entender. Os mamutes, por exemplo, viveram entre 5 milhões e 5.000 anos atrás, e obtivemos amostras de DNA com cerca de 10.000 anos. Já os dinossauros andavam pela terra cerca de 100 milhões de anos atrás, conferindo assim uma idade superior de 20 vezes a mais do DNA desses répteis que o DNA do mamute mais moderadamente útil.
Um grupo de pesquisadores Kiwi demonstrou que o tempo de vida de uma molécula de DNA é de aproximadamente 521 anos. Isso significa que o DNA em qualquer amostra desapareceria em 6,8 milhões de anos. Umas das tentativas mais famosas nessa corrida de conseguir seu Estegossauro de estimação, foi feita pela equipe de Jack Horner. Eles conseguiram isolar componentes sanguíneos do dinossauro, mas, infelizmente, nenhum DNA.
Esses processos são bons para o envolvimento do público, mas, além de caros, oferecem uma chance limitada de isolar o ácido “dinonucléico”. Atualmente diversas pesquisas têm voltado sua atenção para a possibilidade de criarem híbridos de dinossauros e aves. Esses estudos visam a possibilidade de criarem aves, cujas características se assemelhariam a desses seres colossais, uma vez que elas seriam o melhor ‘andaime’ genético para adicionar o DNA dos dinossauros.
Evidências recentes sugerem que não seriam sapos, como Michael Crichton sugeriu, mas sim as aves os melhores candidatos para tal processo. Entretanto, entender as diferenças entre dinossauros e aves é muito complicado, pois não é apenas a sequência genética que determina as mudanças, mas onde e quando os genes são expressos, e isso é controlado por todas as outras partes do genoma. Tanto a área expressiva quanto as áreas silenciosas.
Além disso, ainda temos a falta de compreensão de por que diferentes organismos respondem às modificações genéticas de maneiras tão variadas. Assim, vemos que o contato mais próximo com essas amadas criaturas gigantes e mortais ainda só é possível através de livros, séries, filmes e jogos, o que não é ruim. Uma vez que essas experiências têm se tornado cada vez mais realistas e no final do dia você não precisará explicar a sua família e/ou amigos como você perdeu um braço ao passar distraído pela cela dos velociraptors.
Texto fonte: PARRY ;Geraint. Jurassic World: just how impossible is it?; Acesso em: 04 de abril de 2023.
Disponível em: Disponível em: < https://portlandpress.com/biochemist/article/37/6/18/1429/ Jurassic-World-just-how-impossible-is-it >.
Fonte e legenda da imagem de capa: Representação de um T-rex e seu código genético. Disponível em: Disponível em: < https://portlandpress.com/biochemist/article/37/6/18/1429/ Jurassic-World-just-how-impossible-is-it >.
Texto revisado por: Cíntia Silva e Alexandre Liparini.