Escrito em: 15 de Abril de 2023
Por: Bruna Macedo Lima
Você sabia que é possível preservar a estrutura de um espermatozóide em um fóssil? Apesar de tecidos moles em geral terem uma rara atividade de fossilização, devido as diferenças de composição e potencial de preservação delicado, conseguimos encontrar amostras em ambientes favoráveis, a partir de circunstâncias ideais de conservação.
Um estudo publicado em 2020 pela revista “The Royal Society” aponta a descoberta de células reprodutivas masculinas do período Cretáceo, datando aproximadamente 100 milhões de anos. Além da qualidade de preservação, o tamanho do exemplar também chamou a atenção, visto que, em comparação com outras espécies, seria considerado gigante, excedendo a dimensão do organismo. A descoberta veio por meio de fósseis da fêmea de ostracodes, um crustáceo (como camarões e lagostas) e estavam em forma de resina, o conhecido âmbar, destacando sua capacidade em documentar os tecidos não resistentes. Para isso, foram utilizados métodos de microscopia tridimensional de raios-X, para reconstruir as imagens digitalmente e analisar os detalhes.
O espermatozoide gigante e a morfologia preservada do organismo, comparadas com espécimes viventes atuais, foram importantes para identificar que esse método reprodutivo já existia no período do cretáceo. Além disso, a descoberta aponta uma estratégia que melhora o sucesso de fecundação, uma vez que contribuiu para a expansão dos ostracodes ao longo do tempo. Assim, essa característica evolutiva é bem sucedida há milhares de anos.
Texto fonte: Wang, H., Matzke-Karasz, R., Horne, D. J., Zhao, X., Cao, M., Zhang, H., & Wang, B. (2020). Exceptional preservation of reproductive organs and giant sperm in Cretaceous ostracods. Proceedings of the Royal Society B, 287(1935), 20201661. Acesso em: 15, abr, 2023.
Disponível em: https://royalsocietypublishing.org/doi/full/10.1098/rspb.2020.1661
Fonte e legenda da imagem de capa: Estruturas corporais do ostracode fóssil em comparação com espécies viventes. (lado esquerdo) Massa de espermatozoide encontrado (direita). Figura 4 do artigo.
Texto revisado por: Beatriz Fonseca e Alexandre Liparini.