Escrito em: 12 de Abril de 2023
Por: Rhayane Cristina Ávila e Couto
Atualmente temos a famosa visão em 3D permitida pela tecnologia e os óculos 3D juntamente da realidade virtual que nos dá um modelo digital tridimensional (M3D), nos permitindo assim visitar museus, lugares na superfície da terra, cavernas, ver a cartografia, relevo, etc.
Na paleontologia ocorrem os chamados icnofósseis, que são fosseis resultantes das atividades dos organismos vivos, e não de parte deles. Dentre estes temos os chamados Megaichnus, icnofósseis de grande extensão destacando-se aqui as paleotocas, que são tuneis e salões escavados por mamíferos gigantes extintos que viviam durante o plioceno e o pleistoceno. No território Brasileiro a maioria dos Megaichnus estão localizados na região Sul, como Santa Catarina e Rio Grande do Sul, em túneis escavados no saprólito, uma mistura de minerais primários e secundários resultantes do intemperismo físico e químico, que inclui partes de granito, siltitos, arenitos, conglomerados, e outras rochas sedimentares.
Contudo, não se utilizava essa tecnologia M3D para estudar esses icnofósseis até 2022, quando estudantes/pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (UNESP) desenvolveram um modelo para uma paleotoca atribuída a preguiças gigantes localizada no Município de Doutor Pedrinho, no Estado de Santa Catarina. Pode se inferir que foi feita por preguiças gigantes da família Mylodontidae pelos traços de escavação, como as macas das duas unhas encontradas e convergências em “Y”, e os locais de repouso. Esses Megaichnus serviriam de abrigo permanente ou temporários como de locais de refúgio, possuindo luminosidade apenas nos primeiros metros da entrada, com um sistema de tuneis convergindo a um salão principal com blocos abatidos.
Os túneis possuem alturas alternadas de 2,15 m a 0,4 m, evidenciando a utilização e produção de preguiças de diferentes tamanhos, possivelmente adultos e jovens, além de coabitação com outros organismos, ou então uma reocupação. Observam-se também blocos transportados, que foram retirados dos fundos. Como as paleotocas são ambientes muito sensíveis e frágeis para receber visitação, esse trabalho é muito importante para a divulgação, conhecimento e preservação desse ambiente, levando a uma conscientização sobre a importância e existência do local.
É possível observar um modelo tridimensional de traços de escavação encontrados no túnel E, disponível no site da Sketchfab por meio do link https://skfb.ly/ouZNx; Os dois modelos da paleotoca estão disponíveis para visualização em acervo digital online no site Sketchfab por meio dos links: túnel E (GoPro 4; https://skfb.ly/6RYyn) e túnel E (Nikon D60; https://skfb.ly/ooprJ).
Disponível em: Audi, Caroline; Meyer Douglas; Yeuw, T.T; Fey, J.D.; Baraldo, Kleber; Spanghero, Natalie; Munhoz, Marcelo; Oliveira, Bruno; Buchmann, Francisco (2022). FOTOGRAMETRIA DE UM ICNOFÓSSIL ESCAVADO POR PREGUIÇAS-GIGANTES (MEGAICHNUS MAJOR). Revista Brasileira de Paleontologia, 25(3):208–218, Julho/Setembro 2022. doi:10.4072/rbp.2022.3.04.
Disponível em: https://sbpbrasil.org/publications/index.php/rbp/article/view/306/125 acessado em: 12/04/2023
doi:10.4072/rbp.2022.3.04
Fonte e legenda da imagem de capa: Garras atribuídas ás preguiças gigantes (duas garras). Escala 5 cm Figura 4 do próprio artigo
Texto revisado por: André Pimenta e Alexandre Liparini.