Sapos conseguiam viver no gelo?

Cientistas descobrem fóssil de sapo na Antártida

Escrito em: 12 de abril de 2023

Por: Mariah V. Gonsalez

Qual é a primeira coisa que vem na sua cabeça quando o assunto é a Antártida? Provavelmente você pensa nas geleiras, nos pinguins ou no clima frio, que são as principais características desse lugar. Mas e se eu dissesse que esse continente já foi lar de alguns sapos? Pode ser que, de imediato, essa informação pareça estranha, até porque os sapos são animais que precisam de ambientes quentes e úmidos para sobreviver. Então como explicar os fósseis de sapos que existem por lá?

É importante que a gente se lembre da teoria da Deriva Continental, para essa história fazer mais sentido. Essa teoria diz que os continentes estão se movendo pouco a pouco a cada ano e que toda essa massa de terra já foi uma coisa só, ou seja, todos os continentes que conhecemos hoje estavam conectados. Isso significa que o clima, a fauna e a flora eram muito diferentes dos que a gente conhece hoje. A Antártida como conhecemos começou a se formar por volta de 25 milhões de anos atrás, antes disso, ela era uma massa de terra ligada à América do Sul e à Austrália. Ou seja, antigamente, a mais ou menos 56 milhões de anos atrás, ela era um lugar quente, cheio de florestas e com muitas nascentes de água doce; um clima perfeito para o aparecimento de sapos!

Não à toa, cientistas encontraram um fóssil de sapo datado de 40 milhões de anos atrás, da época que chamamos de Eoceno, em uma ilha no norte da península antártica. O fóssil em questão era uma parte do crânio de um sapo que pertence ao gênero Calyptocephalella, conhecidos como “sapos de capacete”. Eles ainda têm representantes vivos nos Andes Chilenos, mas também existem fósseis de algumas espécies dessa família espalhados pela Patagônia e outras regiões da América do Sul e da Austrália. Ter encontrado esse fóssil de sapo na Antártida fortalece a teoria da deriva continental e das hipóteses de que essa massa de terra já serviu como ponte entre América do Sul e Austrália.

Texto fonte: Mörs, T., Reguero, M. & Vasilyan, D., 2020, Primeiro sapo fóssil da Antártica: implicações para as condições climáticas de alta latitude do Eoceno e cosmopolitismo Gondwanan de Australobatrachia. Sci Rep 10 , 5051 (2020). Disponível em:<https://doi.org/10.1038/s41598-020-61973-5&gt;. Acessado em: 12/04/2023.


Fonte e legenda da imagem de capa: Sapo da mesma família do espécime fóssil encontrado na Antártida. Disponível em <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Calyptocephalella_gayi_foto.jpg>, acessada em: 12/04/2023.


Texto revisado por: Beatriz F. Durão e Alexandre Liparini.

Deixe um comentário