09 de Abril de 2023
Por: Iara Monteiro de Almeida
Uma pesquisa desenvolvida na Universidade de Varsóvia, na Polônia, com o objetivo de reanalisar e repensar a classificação taxonômica de espécies fúngicas fossilizadas do gênero Tetraploa, resultou em uma interessante hipótese. É de conhecimento geral que os fungos são organismos capazes de sintetizar um amplo espectro de pigmentos. O estudo destaca os pigmentos poliméricos escuros, como a esporopolenina e a melanina, chamando a atenção para o seu papel na preservação da estrutura morfológica e fisiológica dos organismos.
Esses pigmentos escuros desempenham papel essencial na preservação da conformação das células dos Tetraploa. Eles fortalecem a parede celular, formando uma barreira hidrofóbica, evitando assim a desidratação da célula, conferindo resistência a ambientes com alta salinidade e podendo até mesmo proteger o organismo de ataques de patógenos. Esses pigmentos se concentram principalmente nas hifas e nas estruturas reprodutivas dos fungos, estando também presentes nos esporos desses organismos. Além disso, é interessante apontar o fato de que no processo de catabolismo de alguns aminoácidos, que costuma ocorrer quando o fungo está em processo de morte, esses pigmentos se concentram intensivamente na parede celular, fazendo com que o organismo morto tenha mais dessa substância nessa estrutura.
Juntando todas essas informações, foi possível criar a hipótese de que esses pigmentos escuros seriam os grandes responsáveis pela preservação da coloração e da morfologia dos fósseis dos Tetraploa, principalmente de seus esporos. Esses organismos são comumente fossilizados em condições que normalmente dificultariam uma preservação de tamanha qualidade, pois são frequentemente encontrados em ambientes aquáticos e salinos. No entanto, surpreendentemente, até suas menores estruturas (os esporos) mantêm uma boa taxa de pigmentação.
A hipótese se baseia principalmente em estudos da fisiologia de representantes desse gênero ainda existentes, associando todas as vantagens que esses pigmentos conferem às células fúngicas ao fato curioso dessa boa preservação dos pigmentos em seus fósseis.
Texto Fonte: Nuñez Otaño, Noelia & Bianchinotti, María & Romero, Ingrid & Pincheira, Egly & Saxena, R. & Saparrat, Mario. (2022). Fossil Tetraploa redefinition and potential contribution of dark pigments for the preservation of its spores in the fossil record. 13. 188-206. 10.5943/mycosphere/si/1f/6.
DOI: 10.5943/mycosphere/si/1f/6
Figura disponível em: https://www.researchgate.net/publication/366894228_Fossil_Tetraploa_redefinition_and_potential_contribution_of_dark_pigments_for_the_preservation_of_its_spores_in_the_fossil_record
Texto revisado por: Beatriz Durão e Alexandre Liparini
Paleontologia Hoje 