24 de setembro de 2020
Por: Victor Martins Macedo
No artigo “Cinodontes fósseis brasileiros revelam os primeiros passos da evolução dos mamíferos”, Marina Bento Soares esclarece esse fato, contando a história evolutiva desses animais, os cinodontes.
Antes de qualquer coisa, cinodontes fazem parte dos sinapsidas, animais caracterizados pela presença de uma abertura/fenestra localizada nas têmporas cranianas e destinada à fixação da musculatura mandibular. Isso os diferencia por exemplo, dos répteis (sauropsidas), que possuem duas aberturas em cada lateral craniana.
Os sinapsidas mais basais foram os pelicossauros, que surgiram há ~320 milhões de anos, no final do Carbonífero. Sua postura era muito similar a dos répteis, os membros (úmero e fêmur) eram paralelos ao solo.
No Permiano (~272 Ma), os pelicossauros foram sendo substituídos nos ecossistemas terrestres pelos terápsidos. Por sua vez, os terapsídeos compõe 6 subgrupos, dentre eles os cinodontes que incluem os mamíferos. Terapsídeos são metabolicamente mais ativos do que pelicossauros, têm postura mais verticalizada, além de passarem por alterações cranianas que lhes proporcionaram maior força de mordida.
No final do Permiano, há ~ 250 Ma , ocorreu uma grande extinção em massa, a mesma que extinguiu todo os trilobitas. Nenhum pelicossauro sobreviveu e apenas 3 dos 6 subgrupos de terapsídeos sobreviveram: anomodontes, terocefálios e cinodontes.
Após a grande extinção, no triássico (~237 Ma), houve uma irradiação dos cinodontes até que estes toranaram-se cosmopolitas.
Agora, mais um táxon que precisamos abordar são os cinodontes probainognátios. Estes são os mais próximos dos mamíferos, e os cinodontes brasileiros fazem parte desse grupo.
Dentre os probainognátios, estão os brasilodontídeos, notados como os probainognátios que compartilham o maior número de características derivadas com os mamíferos basais. Exemplos dessas características compartilhadas são: articulação entre dentário e esquamosal, presença de um promontório (porém ainda não globoso), dentes pós-caninos com raízes incipientemente bifurcadas com padrão triconodonte (dentes de três cúspides).
Em seu artigo, Marina Bento Soares esclarece a relação brasilodontídeos-mamíferos com riqueza de detalhes e devido aprofundamento. A autora conclui que é necessária a coleta e prospecção de fósseis cinodontes probainognátios, pois novos estudos podem elucidar ainda mais a transição cinodonte-mamífero.
Artigo fonte: Marina Bento Soares. (2015). Cinodontes fósseis brasileiros revelam os primeiros passos da evolução dos mamíferos. Ciência e Cultura, v. 67, n. 4., p. 39-44. <Clique aqui para acessar o artigo fonte>
Legenda e fonte da imagem: Brasilitherium riograndensis, “primo” dos mamíferos. (Arte de autoria de Smokeybjb disponível sob licença Creative Commons <Link>)