Grande achado paleontológico: Novo esqueleto parcial de Pterossauro é encontrado na Bacia do Araripe, no Nordeste do Brasil

30 de setembro de 2020

Por: Gabriel Bragança Guedes

Cientistas do departamento de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e do setor de Paleovertebrados do Museu Nacional da UFRJ descobriram recentemente um fóssil parcial de Pterossauro (Pterodactyloidea, Tapejaridae). O fóssil foi encontrado no Membro Crato da Formação Santana da Bacia do Araripe, no Nordeste do Brasil, localizada entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí.

A Bacia do Araripe é um importante sítio paleontológico brasileiro, que abriga uma grande diversidade de fósseis de plantas e animais vertebrados e invertebrados, devido às características específicas do local, que fazem com que acreções calcárias formem nódulos calcários ao redor dos organismos mortos, preservando assim, parte de sua anatomia em forma de fósseis. Do ponto de vista paleontológico, a Formação Santana é o sítio paleontológico mais importante da Bacia do Araripe, devido à sua grande diversidade de táxons preservada em forma de fósseis em concreções calcárias, e por isso esta região é considerada um “Lagerstätten”, ou seja, um sítio que apresenta fósseis com preservação excepcional, sendo uma importante fonte de conhecimento sobre a evolução da vida na Terra e os eventos que ditaram os caminhos da vida.

Os Pterossauros, são uma ordem extinta de répteis voadores, do período Mesozoico, que viveram contemporaneamente aos dinossauros, mas não são considerados dinossauros. Extintos há aproximadamente 65 milhões de anos, durante a grande extinção do Cretáceo-Paleogeno, estes animais possuem fósseis em diversas partes do mundo, entretanto, alguns dos fósseis mais completos e preservados desses animais foram encontrados no Brasil, na Bacia do Araripe.

O material fossilizado encontrado e descrito no artigo em questão consiste em um esqueleto parcial, porém articulado, de um Pterossauro preservado em calcário laminado típico do Membro Crato. O espécime foi nomeado como MN 6588-V, e representa um dos mais completos exemplares fósseis já encontrados desta espécie, onde se pode observar: ambas as escápulas e coracóides (fusionados); o esterno preservado em vista dorsal; uma sequência de vértebras (da última cervical até a terceira caudal, apresentando 29,10cm de comprimento preservado); pré-púbis; cintura pélvica (ílio, púbis e ísquio); várias costelas e elementos da gastrália.

Os ossos deste fóssil apresentam coloração marrom escura, e se encontram distribuídos em cinco placas calcárias, sendo que algumas partes como as escápulas e os coracóides podem ser observadas tridimensionalmente. Apresenta alguns pontos de quebra e superfície óssea um pouco fragmentada, devido às dificuldades no processo de coleta, mas ainda assim, representa um magnífico exemplar que pode nos contar muitas histórias sobre os Pterossauros e o mundo em que viviam.

Artigo fonte: Sayão, J.M.; Kellner, A.W.A. (2006). Novo esqueleto parcial de pterossauro (Pterodactyloidea, Tapejaridae) do membro Crato (Aptiano), Formação Santana, Bacia do Araripe, Nordeste do Brasil. Estudos Geológicos, Vol. 16 (2), .p. 16 – 40. <Clique aqui para acessar o artigo fonte>

Legenda e fonte da imagem: (A e C) fotografia e representação esquemática do esqueleto do fóssil descrito (escala = 10 cm). (B) indicação em preto das porções preservadas do fóssil. (Figura extraída do artigo fonte)

Publicado por Alexandre Liparini

Mineiro, gaúcho, sergipano, e por que não, alemão? No caminho sempre a paleontologia como paixão e agora como profissão. Adora dar aulas e pesquisar sobre origens e evolução. Se esse for o tema, podem perguntar, por que não?

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