Cinco leis paleobiológicas essenciais para entender a evolução da biota vivente

25 de setembro de 2022

Por: Débora Bezerra Kierulff

As bases de diversas disciplinas podem ser expressas por leis simples, como as leis de Newton ou leis da termodinâmica. Aqui serão apresentadas cinco leis derivadas de análises fósseis que descrevem a relação entre a extinção de espécies e longevidade, diversidade biológica, taxas de surgimento, taxas de extinção e diversificação.

Um dos pilares da teoria da evolução é a ideia de sobrevivência diferencial. Para biólogos estudando escalas temporais de gerações, esse conceito tem sido bem estudado desde Darwin. Porém, em escalas de tempo maiores, sabemos que houveram extensivas extinções de morfologias e linhagens únicas, mas o estudo da biota existente oferece pouco quando tentamos determinar a importância dessas extinções, o que é um desafio para entender o processo evolutivo que resultou na vida como vemos hoje. Felizmente, o registro fóssil nos dá acesso a informações sobre o passado da vida na terra, as extinções, suas magnitudes, seletividades possíveis causas. A partir dos estudos paleobiológicos, é possível traçar cinco leis que facilitam o entendimento da paleontologia no contexto da evolução e ecologia.

A primeira lei da paleobiologia

Linhagens se extinguem. A noção que a imortalidade é biologicamente impossível se consolidou há milhões de anos, mas apenas por volta de 1800 entendeu-se que que espécies inteiras poderiam se extinguir, através do descobrimento de fósseis que não se pareciam com nada existente. A lei baseia-se no fato de que qualquer linhagem tem a possibilidade de ser extinta.

A segunda lei da paleobiologia

A longevidade de uma espécie é inversamente proporcional à taxa de extinção. Através de cálculos matemáticos mais complexos, é possível concluir que existe um grande número de espécies extintas, e é possível estimar também a diversidade dentro de um certo táxon atual em relação ao seu equivalente em um passado distante.

A terceira lei da paleobiologia

A taxa de surgimento é aproximadamente igual à taxa de extinção. Isso foi concluído através de estudos moleculares, filogenéticos evidências fósseis.

A quarta lei da paleobiologia

Mudanças na diversidade de espécies são motivadas por diferenças nas taxas de surgimento e extinção que variam com o tempo.

A quinta, e última, lei da paleobiologia

A extinção apaga a história do clado, tornando difícil inferir características ancestrais comuns e sua diversidade. O registro fóssil se torna essencial para o estudo da história dos clados, e se ele é ausente, fica quase impossível saber tais detalhes, especialmente quando a extinção se deu de forma não aleatória.

Texto fonte: Charles R. Marshall. 2017. Five paleobiological laws needed to understand the evolution of the living biota. Nature Ecology & Evolution, v. 1, issue 6. DOI: 10.1038/s41559-017-0165 . Disponível em: https://www.nature.com/articles/s41559-017-0165 acessado em: 03/05/2023

Fonte e legenda da imagem de capa: Imagem simplificada que ilustra o conceito evolutivo de ancestralidade comum. Autoria de Triton. Extraída de commons.wikimedia.org. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Evolution_icon_01.svg . Acessada em: 03/05/2023.

Publicado por Alexandre Liparini

Mineiro, gaúcho, sergipano, e por que não, alemão? No caminho sempre a paleontologia como paixão e agora como profissão. Adora dar aulas e pesquisar sobre origens e evolução. Se esse for o tema, podem perguntar, por que não?

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