Em 20 de março de 2020
Por: Sarah Cristina Pereira do Nascimento
Atualmente, existem vários parasitas causadores de patologia que possuem em seu ciclo biológico vetores invertebrados. Protozoários da família Trypanosomatidae, como os do gênero Leishmania (responsável pela leishmaniose) e Trypanosoma (responsável pela doença de chagas) são parasitoses de alta importância médica. A necessidade de estudar mais afundo sobre o tema levou paleontólogos a buscarem nos registros fósseis quaisquer sinais de presença de interações parasitárias, a fim de conhecer a origem de algumas relações parasito-hospedeiro.
Uma importante descoberta da paleoparasitologia foi mostrada no trabalho publicado por George Poinar Jr em 2007, no qual o autor registrou a presença de flagelados da família Trypanosomatidae no intestino médio de larvas de mosquito palha fossilizados em âmbar datados do cretáceo inferior. A descoberta ajudou o autor a elaborar uma hipótese para explicar como esses protozoários adentraram mosquitos palhas e como estabeleceram essa interação em seu ciclo biológico. Para o paleoparasitólogo, as larvas dos insetos se alimentavam dos flagelados livres (presentes nos substratos) e os mantinham até o seu desenvolvimento em mosquito adulto, podendo ser passado para hospedeiros vertebrados.
Apesar do trabalho apresentar um grande passo para a elucidação da origem do ciclo biológico de protozoários da família Trypanosomatidae, muitas questões ainda estão em aberto. A passagem do flagelado do mosquito palha para o hospedeiro e sua volta para o inseto ainda é um mistério para a comunidade científica. Ainda não existem boas explicações para definir como protozoários sobreviveriam ao sistema imune do hospedeiro vertebrado sendo capaz de replicar e ser passado novamente para o hospedeiro invertebrado. Por isso, deve-se investir cada vez mais em trabalhos de paleoparasitologia, pois estes contribuem com a elucidação de várias doenças que assombram a humanidade desde o início de nossa história como espécie.
Artigo fonte: Poinar Jr, G. (2007). Early Cretaceous trypanosomatids associated with fossil sand fly larvae in Burmese amber. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, v. 102, n. 5, p. 635-637. Doi: 10.1590/S0074-02762007005000070 <Clique aqui para acessar o artigo fonte>
Fonte da imagem: Combinação das Figuras 1 e 5 do artigo fonte.