Fósseis de plantas permitem a reconstrução do clima da Amazônia Oriental durante o Oligoceno/Mioceno

17 de janeiro de 2021

Por: Karolina Dias

Cientistas da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) realizaram interpretações do clima da Amazônia Oriental durante as épocas do Oligocendo/Mioceno a partir de fósseis de plantas encontrados na localidade de Caieira – Pará, região Norte do país.

Fósseis bem preservados de 19 espécies de plantas das épocas do Oligoceno e do Mioceno foram utilizados para interpretar o paleoclima – o paleoclima nada mais é do o clima de uma antiga era geológica – da Amazônia Oriental. O estudo foi feito com o objetivo de investigar a temperatura média anual (TMA) e a precipitação média anual (PMA) no momento em que as folhas dessas plantas foram depositadas. Os fósseis das plantas usados no estudo estão associados a Formação Pirabas, um dos eventos paleontológicos mais importantes que ocorreram na Amazônia oriental.

As plantas, principalmente as suas folhas, são importantes indicadores climáticos, uma vez que elas são capazes de responder, de forma rápida, às condições climáticas a que são expostas. Sendo assim, com base em análises da margem foliar e da área foliar, foi possível reconstruir a temperatura e a precipitação média das épocas do Oligoceno e Mioceno da Amazônia oriental.

Atualmente, a temperatura média anual da região é de 26,1°C e a precipitação média anual varia entre 2000 a 3000 mm. Os resultados da pesquisa mostram que no momento de deposição das folhas utilizadas no estudo, a temperatura era de 25°C, mais fria em 1,1 a 1,5 oC, e a região era menos úmida, com a precipitação variando entre 1849 a 2423 mm. Essas diferenças nas condições climáticas são, possivelmente, resultado de um evento de glaciação conhecido como Mi-1. Conjuntamente, notaram que a vegetação no Oligoceno/Mioceno é semelhante a vegetação encontrada atualmente na região, que de acordo com o IBGE (2008) é composta por floresta de planície inundável, restinga, manguezal e campos salinos.

Artigo fonte: SANTIAGO, Francisco; RICARDI-BRANCO, Fresia. (2018). Interpretações paleoclimáticas a partir da tafoflora de Caieira, Formação Pirabas, Oligoceno/Mioceno da Amazônia Oriental, Pará, Brasil. Revista Brasileira de Paleontologia, v. 21, n. 3, p. 265-271. Doi: 10.4072/rbp.2018.3.07. <Clique aqui para acessar o artigo fonte>

Legenda e fonte da imagem: Regiões no estado do Pará onde estão localizadas a Formação Pirabas. Dentre elas, podemos observar a localidade de Caieira de onde foram coletados os fósseis utilizados na pesquisa. (Extraída do artigo fonte).

Publicado por Alexandre Liparini

Mineiro, gaúcho, sergipano, e por que não, alemão? No caminho sempre a paleontologia como paixão e agora como profissão. Adora dar aulas e pesquisar sobre origens e evolução. Se esse for o tema, podem perguntar, por que não?

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