20 de setembro de 2020
Por: Pedro
O nordeste brasileiro é muito conhecido por paleontólogos devido à imensa riqueza de fósseis ali presentes. A região de Vitória da Conquista, localizada na Bahia, é mais um exemplo de local muito especial para encontrarmos verdadeiros gigantes que já habitaram o nosso continente, a megafauna. Esses seres viveram na época do Pleistoceno, período marcado entre 11 mil anos e 3 milhões de anos atrás.
Os fósseis foram encontrados em regiões denominadas por “tanques”, que seriam cavidades naturais, posteriormente escavadas pelos pesquisadores para a busca desses fósseis. Para melhor compreender do que tratavam aqueles fósseis coletados, foi realizado o processo de taxonomia, ou seja, a classificação dos fósseis baseado nas características das partes encontradas do fóssil. É importante salientar que são raras as vezes em que um paleontólogo consegue encontrar o fóssil completo de um ser vivo, precisando, assim, ser capaz de retirar informações com muito pouco material coletado em mãos.
Também foi realizado o processo de tafonomia, que seria buscar compreender os processos que levaram um fóssil a estar ali naquele local. Essa era uma maneira de paleontólogos se “transportarem” para aquele período, no caso, o Pleistoceno, a fim de interpretarem como era o ambiente em que aquele indivíduo vivia.
Na fazenda Suse II em Vitória da Conquista, encontraram o dente de um mamífero gigante da família Toxodontidae, conhecido por terem superficialmente semelhantes aos rinocerontes. Também foi registrado a presa de um Stegomastodon waringi, família Gomphoteriidae, um animal similar aos elefantes devido às suas enormes mandíbulas com presas, apesar de não pertencerem à mesma família. Além desses dois, partes da espécie Eremotherium laurillardi, família Megatheriidae, a conhecida “Preguiça Gigante”, foram coletadas no tanque.
O processo de fossilização se deu por mineralização, que seria o processo de preenchimento dos ossos por diferentes minerais, prevalecendo a presença de calcita. O fato de animais de diferentes períodos terem sido registrados no mesmo tanque sugere que houve o que conhecemos por mistura temporal. Talvez tenha havido, em diferentes épocas, um transporte desses fósseis para a mesma localidade.
Artigo fonte: DANTAS, M.; TASSO, M. (2007). Megafauna do Pleistoceno final de Vitória da Conquista, Bahia: taxonomia e aspectos tafonômicos. Scientia Plena, v. 3, n. 3, p. 30-36. <Clique aqui para acessar o artigo fonte>
Legenda e fonte da imagem: Imagem de um tanque, local de coleta dos fósseis. (Imagem extraída do artigo fonte.)